20 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Aras: Bolsonaro esqueceu de combinar comigo para arquivar inquérito da PF

Procurador Geral da República tenta resgatar autonomia, após presidente lhe prometer vaga no STF

Augusto Aras em entrevista à TV: Bolsonaro esqueceu de combinar comigo

Após o presidente Jair Bolsonaro afirmar que o inquérito da Polícia Federal contra ele será arquivado, o Procurador Geral da República, Augusto Aras, disse na TV Globo “que o presidente esqueceu de combinar comigo”.

Na entrevista exibida na madrugada desta terça-feira, 2, Aras, tentou tentou passar a imagem de autonomia no cargo, considerando que vem sendo questionado pelos membros da instituição por seu alinhamento com o governo.

No caso desse processo, cabe a Augusto Aras decidir se denuncia ou não Bolsonaro, o que poderia resultar no afastamento do presidente do cargo.

Ao participar do programa “Conversa com Bial”, Aras foi indagado se a declaração do presidente não o colocava numa situação desconfortável.

-Com certeza. Só ocorre que é uma declaração unilateral, o presidente esqueceu de combinar comigo. Mas eu posso compreender que o presidente é um homem muito espontâneo, ele tem convicções próprias, ele chegou ao mais alto grau na hierarquia política do Brasil. – Disse Aras.

Em meio ao debate sobre o inquérito, Jair Bolsonaro prometeu a Augusto Aras uma vaga de ministro do Supremo do Tribunal Federal (STF), o que causou constrangimentos dentro da PGR.

Tendência – Segundo informou o jornal Estadão no mês passado, a tendência é que Aras peça o arquivamento do caso. A investigação foi aberta após o ex-ministro Sérgio Moro acusar o presidente de tentar interferir politicamente no comando da Polícia Federal para obter acesso a informações sigilosas e relatórios de inteligência

O objetivo do inquérito é apurar se foram cometidos os crimes de falsidade ideológica, coação no curso do processo, advocacia administrativa, prevaricação, obstrução de Justiça, corrupção passiva privilegiada, denunciação caluniosa e crime contra a honra. O inquérito mira tanto Bolsonaro quanto Moro.