O presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou hoje (20) “contar” com o bilionário sul-africano Elon Musk para que a “a Amazônia seja conhecida por todos” e, de acordo com o governante, combater supostas informações inverídicas sobre a região.
Apesar de Bolsonaro negar o avanço do desmatamento na região, dados do sistema Deter, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), mostram que, em abril, a área desmatada chegou a 1.012 km², um recorde para o mês.
De acordo com o Observatório do Clima, rede de organizações que monitoram temas ambientais, essa é a primeira vez a marca de 1.000 km² é ultrapassada em abril — último mês da época de chuvas na Amazônia, quando o desmatamento é historicamente inferior:
Desmatamento na Amazônia em abril, segundo dados do Deter:
- 2016: 439,32 km²
- 2017: 126,85 km²
- 2018: 489,52 km²
- 2019: 247,39 km²
- 2020: 407,2 km²
- 2021: 579,98 km²
- 2022: 1.012,5 km²
Ao lado do homem mais rico do mundo, Bolsonaro disse que críticos “difundiriam mentiras” em todo o mundo a respeito do panorama socioambiental na Amazônia. Ele, porém, não informou que mentiras seriam essas.
“Nós pretendemos, precisamos e contamos com Elon Musk para que a Amazônia seja conhecida por todos no Brasil e no mundo, a exuberância dessa região e como ela é preservada”, declarou Bolsonaro a Musk durante evento realizado em um hotel em Porto Feliz, no interior de São Paulo.
Bolsonaro também disse que o bilionário poderia “estar preocupado consigo próprio”, mas que decidiu, em ato de altruísmo, viajar o mundo em defesa do que o governante brasileiro entende ser a “liberdade”.
Starlink
Apesar do que disse Bolsonaro, a visita de Musk está longe de ser altruísta e não tem nada a ver com defesa da liberdade, já que foi anunciado parceria com a Starlink, empresa que faz parte da SpaceX (companhia espacial) e oferece internet banda larga via satélite.
Essa estrutura, segundo Elon Musk, será usada para monitorar a floresta amazônica e oferecer internet para 19 mil escolas em áreas rurais.
Ainda não há detalhes de como isso vai funcionar, dado que até o momento a Starlink promove acesso a internet via satélite, e a SpaceX faz voo espaciais.
Nem mesmo os valores desse acordo foram divulgados — a Starlink vende serviços majoritariamente para clientes convencionais, não para governos.
Segundo o mapa de cobertura da Starlink, a região Norte ainda não tem acesso à internet fornecida pelos seus satélites. Isso pode ser alterado, dado que a empresa de Elon Musk constantemente tem feito lançamentos de novos satélites.