Burnout: como reconhecer os sinais e cuidar da sua recuperação

Pressão constante, esgotamento emocional e sintomas ignorados: entenda o que é o burnout, como identificá-lo e o que fazer para se recuperar.
Saiba como identificar os sinais de burnout, entender suas causas e aplicar estratégias para se recuperar e evitar recaídas.

Em 2020, a executiva de marketing Amy estava no auge da carreira quando, durante um evento, sentiu tontura repentina. Pensou que fosse apenas cansaço ou fome, mas a sensação não passou. O que parecia algo pontual se transformou em desmaios, exaustão e dificuldades para cuidar dos filhos. Amy estava em burnout.

O que é o burnout

O termo foi popularizado pela psicóloga Christina Maslach, que o define como uma resposta ao estresse crônico no trabalho. A Organização Mundial da Saúde passou a reconhecer a síndrome em 2019, e estudos recentes mostram que é um problema global em crescimento.

A professora Heejung Chung, do King’s College London, alerta para a cultura do “sempre ligado”, agravada pela digitalização. Trabalhadores têm dificuldade em se desconectar mental e fisicamente do trabalho, o que amplia os riscos de esgotamento.

Números do burnout

No Brasil, os casos de afastamento por burnout aumentaram 136% entre 2019 e 2023, segundo dados do INSS. Foram 421 casos registrados apenas em 2023 — o maior número da última década. A pandemia contribuiu para o aumento do estresse e da sobrecarga, tanto em ambientes corporativos quanto entre cuidadores e estudantes.

Sinais de alerta: vai muito além de cansaço

Especialistas apontam que, além da exaustão, há outros dois sintomas que ajudam a diferenciar burnout de um simples desgaste:

  • Desprezo crescente pelo trabalho.
  • Visão negativa de si mesmo e da própria competência.

Outros comportamentos comuns incluem queda de produtividade, apatia, irritabilidade, pensamentos de escapismo e distanciamento emocional.

As cinco fases do burnout

  1. Lua-de-mel: entusiasmo inicial e excesso de responsabilidades.
  2. Abandono: perda de interesse por atividades prazerosas.
  3. Sem motivação: apatia, distanciamento e fadiga emocional.
  4. Burnout: esgotamento completo, mas com tentativa de manter a rotina.
  5. Colapso: estágio crítico com bloqueios físicos e mentais.

Fatores de risco

  • Carga de trabalho excessiva
  • Falta de controle sobre tarefas
  • Falta de reconhecimento
  • Relações interpessoais problemáticas
  • Situações de injustiça ou desigualdade
  • Conflito entre valores pessoais e objetivos do trabalho

Como se recuperar do burnout

Segundo a pesquisadora Sabine Sonnentag, conseguir se “desligar mentalmente” do trabalho é um passo essencial. A psicoterapeuta Claire Plumby recomenda conversar com alguém de confiança e buscar apoio gradual, sem necessidade de mudanças radicais.

Claire Ashley, autora do livro The Burnout Doctor, sugere focar em três frentes: retomar o controle sobre aspectos do trabalho, priorizar o bem-estar e construir uma rede de apoio.

Exercícios como a Esfera de Controle de Stephen Covey e a análise de opções de ação propostas por Russ Harris ajudam a lidar com situações desafiadoras de forma mais consciente.

Identificar seus valores pessoais também é essencial na recuperação. A partir deles, fica mais fácil tomar decisões alinhadas e evitar recaídas.

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