Um relatório do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) apontou um depósito de R$ 100 mil, em dinheiro, na conta do policial reformado acusado de ter efetuado os disparos que mataram a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista dela Anderson Gomes. Não há informações sobre a origem desse depósito.
O depósito foi feito na conta de Lessa em outubro do ano passado, sete meses depois do crime. O Ministério Público do Rio de Janeiro citou esse relatório no pedido que fez à Justiça para bloqueio de bens de Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio Queiroz, que também foi preso acusado de dirigir o carro usado no crime que completou um ano ontem. A Justiça decretou o bloqueio dos bens dos acusados.
A Promotoria adotou a medida para garantir a indenização por danos morais e materiais às famílias da vereadora e do motorista. “O pedido de bloqueio de bens foi feito à Justiça no momento do oferecimento da denúncia e deferido pelo Juízo”, explicou o órgão através de nota.
O relatório do Coaf cita ainda bens materiais de Ronnie Lessa, como uma lancha, um veículo blindado avaliado em cerca de R$ 150 mil e uma casa no condomínio Vivendas da Barra, na zona oeste, onde imóveis estão avaliados entre R$ 1,5 milhão e R$ 4,5 milhões –os bens seriam incompatíveis com a renda de um PM reformado (uma aposentadoria líquida de R$ 7.463,86).
Marielle
De acordo com as investigações, o sargento reformado Ronnie Lessa foi o autor dos disparos e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, expulso da corporação, conduzia o veículo. Os investigadores tentam descobrir quem foi o mandante da execução.A Polícia Civil do Rio de Janeiro classificou os assassinatos como um “crime que foge à regra”. O delegado Giniton Lages, da Delegacia de Homicídios, disse que as prisões dos suspeitos de serem o atirador e o motorista do veículo são apenas a “primeira fase” das investigações. Segundo ele, a motivação ainda não foi elucidada. “Nada está encerrado”, disse o delegado.
Lessa foi preso por volta das 4h30 no condomínio onde mora, na Barra da Tijuca, o mesmo onde vivia o presidente Jair Bolsonaro antes de ser empossado. Também são cumpridos mandados de busca e apreensão de armas, computadores, celulares e munição, entre outros objetos, em 34 endereços.
O delegado, no entanto, afastou, neste momento, ligação entre a família do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e o policial militar reformado Ronnie Lessa. Mas o link será feito no momento oportuno:
“O fato de ele morar no condomínio do Bolsonaro não diz muita coisa, não, para a investigação da Marielle. Isso nós imaginávamos que esse link fosse feito, mas ele não tem uma relação direta com a família Bolsonaro”. Giniton Lages, delegado do caso Marielle.