19 de janeiro de 2025Informação, independência e credibilidade
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Confra da turma do Gabi: Banheiros de orçamento secreto, balaios de araçá e considerado embriagado

Foi nessa confra que Carneirão Zabumba foi eleito o cachaceiro do ano e ‘Oio de Jeep’ ganhou a Olhodoria Municipal de uma cidade do norte

 

Fim de ano é “confra” de todos os jeitos – e até sem jeito – mas, muitos poucos aguentam o ritmo da turma do Gabiru, o popular “Gabi”. Trata-se de um ritmo tão forte, de mesa em mesa, de gole em gole, que já está dando sérias confusões no extracampo.

O próprio Gabi já começou a sentir na pele o tamanho do drama, dentro de casa. Inserido nas rodadas de “metá-metá”, ele logo percebe quem sai mais bêbado de seu estabelecimento e até os que não saem. Isto é, dormem na cadeira. Esta semana ele foi advertido pela esposa para mandar logo essa turma e tomar um rumo e fazer ponto em outro lugar. “Pode ser mesmo no seu Lula, no Grutinha, ali, acolá, aqui perto, enfim, em qualquer lugar menos aqui, viu meu filho”?

-Mas porque isso querida, vamos ter calma. É uma turma boa…

Ela não contou conversa: – Você não está vendo, não? Olha chega aquele rapaz que vocês chamam de tonelada, senta-se na ponta de uma mesa, já traz um litro de vodka de casa e aqui só pede uma H20. Passa o dia inteiro. Chega outro com uma caixa de som, liga alto e acha que todo mundo tem que ouvir a música que ele quer. Tem uns que chegam e vão para o quintal ao lado e embebedam até o pato, filho do ganso. Sem falar naquele servidor federal, que se dizia seu sócio na criação de galinhas, que chamam de cobra coral. Passa o dia inteiro fumando e sentado. Parece até que está chocando os ovos. Não pode ser assim, meu bem, eles não comem uma picanha no forno. Ainda trazem frutas de casa para ser o tira-gosto da cachaça. Eles só dão despesa…

-Meu amor, eles são meus amigos, clientes antigos e ainda tem o Pastor no meio que é meu irmão. Não posso reclamar.

-Ah, o Pastor… A conversa que tem é que ele se encheu aí de uns “balaios de araçá” em uma campanha eleitoral e não lhe deu nenhum pacotinho.

-Meu Deus do céu… Deixa isso para lá mulher. É muita confusão. -Encerrou a conversa o Gabi.

Mas quem teve que dar explicações por chegar bêbado em casa, quase todos os dias, nas últimas semanas, foi o Considerado. Neste sábado, 21 de dezembro, saiu de casa às 9 horas e chegou as 21 horas, totalmente sem noção. Mas se assustou quando a avó, dona Nildinha, abriu a porta e emendou: -Que presepada é essa Considerado, todo sujo, cara melada e rindo do nada. Isso é jeito de chegar em casa? Meu filho, você está se tornando um caso perdido!

-Tenha calma vó eu só tomei umas cervejas com os amigos. -Reagiu ele. Mas, dona Nildinha voltou à carga: – Uma não, seu desnaturado, você tomou foi todas com aquele monte desocupados, que não conhecem outro mundo, a não ser a mesa de um bar.

-Está bem, vó. Eu vou dormir. -Disse ele querendo se livrar do carão. Mas ela disse logo que para cama não o deixaria ir, sem antes tomar banho, beber um café forte e ter “um dedinho de prosa”. Assim foi feito.

-Quem estava com você nessa farra? – Perguntou Nildinha?

-Quase todo mundo: Tonelada, Carneirão Zabumba, Purê, Batoré, Moto Serra, o Corregedor, Rui Caceteiro, Cobra Coral, Gabiru, Sargento Garcia, Lula Manguito, Pastor, Empreiteiro OS, Zoião…

-E o Zé? Pergunta a avó? – Que Zé? -Ele desligado…

Ela se revolta: -O meu Zé, o Fumacê, seu boizinho…

-Ah vó, ele também estava, mas sabe que não é mais seu.

-É verdade, ele só quer saber das mundanas do Bar do Carvão.

Considerado tentou se levantar para ir dormir, mas ela não deixou. Encheu-lhe a xícara de café sem açúcar e mandou beber. Queria saber mais. -Faltaram os magistrados, que estão em viagem para Europa, e o Pequeno Ponei…

-Ah, aquele que vocês chamam de PP? Eu gosto dele. Ainda dar um caldo…

-Tenha jeito vó. Deixe de ser volúvel. Era o Fumacê, agora quer o Pequeno Ponei. O porra do PP agora anda querendo brigar com todo mundo. Bebe e fica insano. Não tem nem tamanho…

-Deixe ele quieto, Considerado. É meu lindinho e meu amigo de luta pela democracia. Contra os golpistas.

Com Nildinha descontraída, sorridente, o neto logo lembrou que desta vez o Batoré não tinha ido a essa confraternização. – E o que foi que houve? – Perguntou. Ele: -Dizem que saiu com uma namorada nova. A avó: – Duvido muito. Quando foi que vocês viram uma namorada dele? O neto tirou por menos e disse a Nildinha que deixasse para lá. Mas ela queria conversar e perguntou: -Alguma confusão? -Duas. -Disse ele. -Então conte logo. -Intimou ela.

-A confusão mais recente é que o Purê Azedo fez um o aniversário dele no bar do Gabi no ano passado e pediu um cardápio marroquino para os convidados. A casa encheu para conhecer esse cardápio e, na hora H, o cara só serviu sarapatel e farofa de cuscuz. Foi um horror. Até a mulher de Carneirão passou mal e foi embora.

-Minha nossa senhora. Que turma essa sua, hein?

-Agora foi pior, vó. O Purê fez o aniversário em uma casa de festas, cobrou R$ 100 de cada convidado, dizendo que o dinheiro seria entregue ao Batoré para comprar mantimentos que seriam enviados a um abrigo de velhinhos e velhinhas. Prometeu uma festa com um cardápio diferenciado. Mas, quando começaram a servir era só mini cachorro-quente, frio, insosso e com uma salsicha ralada, de qualidade duvidosa. Na turma, só quem comeu foi o Paulo Moto Serra, que não dispensa nem farinha com açúcar.

-Que horror esse Purê. Mas, pelo menos mandaram os mantimentos para o abrigo? -Questionou Nildinha.

-Olha vó, eu não sei. Mas, o especialista, Tonelada, ficou de fazer uma auditoria…

-Então já vi que nada consta…

-Mas, há uma outra história envolvendo o Purê e essa é bomba.

-Conta logo, rapaz, deixe de suspense bobo. -Cobrou ela.

-O Purê e o irmão, Tonho Gago, têm um sítio às margens da Lagoa, em Marechal. Há um mês fizeram um encontro lá com a turma e apareceu uma irmã dele em uma lancha, daquelas de milionário que não paga imposto. A irmã, uma loira bonita, deu até umas olhadas para mim. Fiquei na minha. Mas ela, que é prefeita do município de Riacho Fosforecente, no Sul do País, foi no banheiro da casa e não gostou. Chamou eles e disse que iria contratar um empreiteiro para fazer dois banheiros top. Tipo alta burguesia de Dubai. Eles indicaram o Empreiteiro OS, especialista em lidar com Orçamento Secreto. O banheiro foi construído e segundo o construtor, na semana passada ele recebeu o dinheiro em espécie, curiosamente empacotado em caixas de vinho. Mais curioso ainda foi o fato de ela ter entregado o dinheiro embaixo do viaduto João Lyra.

-Meu Deus, às escondidas. E quanto foi? -Perguntou Nildinha

-Segundo o Empreiteiro foi R$ 250 mil cada banheiro…

-Depois dessa é melhor você ir dormir.

-Não vó. O Empreiteiro ficou de me enviar o telefone dela, depois da olhada que ela deu para mim. Quem sabe eu, enfim, descole o pé do lodo indo morar no sul do País. Ou quem sabe ficar por aqui mesmo sendo o jovem da lancha?

-É Considerado. Ou quem sabe não ir preso junto com esse OS, Tonelada, Purês, Moto Serra, Batoré, enfim, essa corja toda…

O Considerado havia enfim despertado, após duas xícaras de café, e mandou ver. Disse avó que tinha uma outra história que ficou sabendo na confraternização do Sitio de Mainha, espaço de lazer de Rui Caceteiro, quando a turma elegeu – por unanimidade – Carneirão Zabumba como “O Cachaceiro do Ano”. Ela olhou e não deixou barato: -Devia ter sido você!

-A história minha avó é que o Tonelada anda contrariado e bebendo todos os dias. Ele e o Carneirão, que se revolta à toa com os erros dos outros. Mas quando ele erra, diz logo que “errar é o humano”. E a revolta do Ton é com os “balaios de araçá…”

-Mas que diabo é balaio de araçá, Considerado?

-Eita vó, segundo o Ton, é a velha e boa grana que ergue e destrói coisas belas, como as amizades. O Pastor era candidato a prefeito de um município na região norte. Seria a terceira via. O Tonelada chamou o Pequeno Ponei e ambos, metidos a marqueteiros, passaram a fazer a campanha do Pastor. Ele subiu nas pesquisas. Eles criaram um slogan para a campanha que dizia: Nem tanto ao rio, nem tanto ao mar: Melhor que o Pastor não há.

-Parece coisa de Pastor mesmo. -Disse Nildinha.

-Aí dona Nildinha, a cidade entendeu e o povo começou a fazer campanha. Assim, os olhares da oposição se voltaram para o Pastor. Ia ser uma eleição histórica. O Purê mandou fazer um jingle e o Tonelada imprimou os adesivos. O PP dava a linha política da campanha. Mas aí um grupo forte da cidade procurou o Pastor e propôs: -Você deixa a campanha, apoia a gente e tudo se resolve com uns balaios de araçás. O Pastor, então quis saber quantos pacotes em cada balaio. Quando disseram, ele jogou pen drive com o jingle da campanha dentro do rio que corta a cidade, tocou fogo nos adesivos, mudou de lado na hora e não deu nem tchau para os apoiadores e coordenadores da equipe que havia montado.

-Meu Deus, Considerado, isso é papel que se faça?

-Não é vó. Mas, os balaios de araçás…

-Que balaio de araçá. Homem tem que ter palavra.

-A senhora quer dizer, assim como Zé Fumacê?

-Deixe o Zé Quieto. Estou com pena do PP, coitado.

-O Pastor disse que mandou uns pacotinhos para ele.

-Não acredito. Ele é um homem de bem.

-E o Tonelada, não é?

-Não sei… Anda muito com esse Carneirão cometendo erros.

-Mas, por falar nisso, o Pastor anda dizendo que vai reparar alguns erros.

-Como assim?

-Ele já arranjou a Olhodoria Municipal da Cidade para o “Zoião”.

-Que Zoião, menino?

-Aquele, Oio de Jeep, que dançava agarradinho com a senhora no Zinga Bar.

-Considerado, filho de uma égua…

-Feliz Natal, vózinhaaa…