24 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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É devagar: Na corrida da vacina, o Brasil segue na poeira

A vacina contra o coronavírus é injetável – disso todo mundo sabe. Mas no ritmo do governo brasileiro ela vem sendo feita a conta-gotas, bem na contramão da urgência representada pelo número de mortes que segue em alta velocidade exigindo ação. Nesta quarta-feira, o Brasil registrou mais 1.283 óbitos por Covid em 24 horas e com isso ultrapassa a marca de 220 mil pessoas mortas pela doença.

Permanece onde está desde meados do ano passado: na segunda posição mundial no ranking dos países mais afetados pela pandemia; atrás apenas dos Estados Unidos. Mas ainda assim, o Brasil parece não ter pressa. Seu passo anda a milhões de distância dos países que lideram a corrida pela vacinação em massa como forma de fazer cessarem os números da pandemia.

No mundo inteiro, mais de 70 milhões de doses da vacina foram aplicadas até agora. Levantamento publicado nesta quarta-feira (27), pelo portal Brasil de Fato (em reportagem de Lu Sodré), mostra os Estados Unidos na dianteira, em números absolutos, com 23,5 milhões de doses aplicadas até agora.

Pioneira na aplicação das doses emergenciais – no início de dezembro, a China é a segunda colocada com 15 milhões de pessoas vacinadas. Um pouco mais longe, vem o Reino Unido, na terceira posição, com 7,3 milhões de doses aplicadas até agora.

O quarto lugar em números absolutos é de Israel, com mais de 4 milhões de doses aplicadas, mas em dados proporcionais, está na frente dos demais países, com mais de 32% de sua população vacinada – isso em apenas três semanas.

Quer comparar para ter uma ideia? As 23,5 milhões de doses aplicadas nos Estados Unidos representam 6% de sua população. No Reino Unido, os 7,3 milhões de vacinados representam 10% da população.

O que dizer do Brasil? Com a marca de aproximadamente 700 mil pessoas vacinadas nos últimos dez dias – desde o marco inicial da aprovação da Anvisa para o uso emergencial da Coronavac –  está lá embaixo no ranking da imunização. Começou tarde, emperrada na renitência do presidente Jair em empurrar cloroquina e negar a eficiência da vacina. E na falta de compromisso com a vida do povo brasileiro, continua comprando a vacina a conta-gotas. A vacina, no país, não chegou nem a 1% de população (não verdade, estava em 0,33% nesta quarta-feira, segundo o levantamento do Brasil de Fato).

Reflexo de um país onde o principal governante está mais ocupado em se empanturrar de pão com leite condensado do que encarar a amargura vivida por uma nação chocada com a morte dolorosa de mais de 220 mil cidadãos e cidadãs ao longo dos últimos 11 meses.

De fato, estamos diante de um mito – do absurdo (aquele que é destituído de qualquer sentido, de racionalidade).