5 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

“Fracassado”, Bolsonaro diz que Brasil tem muito a ensinar para Alemanha

Presidente disse que o atual governo não “aceitará” tratamento de “presidentes anteriores” que receberam de líderes de países desenvolvidos

Presidente do Brasil disse que não está no G20 para ser ‘advertido’

Todo dia, um 7×1 diferente. Em um documento publicado na terça-feira (25), o relator especial da ONU sobre pobreza extrema e direitos humanos, Philip Alston, fez duras críticas ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro .

O texto, que analisa o impacto das mudanças climáticas na faixa mais pobre da população mundial, lista uma série de líderes mundiais que são, nas palavras do especialista “um fracasso”, e Bolsonaro é o primeiro.

“No Brasil, o presidente Bolsonaro prometeu abrir a floresta amazônica para a mineração, acabar com a demarcação de terras indígenas e enfraquecer as agências e proteção ambientais.” Philip Alston, relator especial da ONU.

Apesar disso, ao ser questionado por jornalistas sobre o que achou da fala de Angela Merkel, chanceler alemã, que falou estar preocupada com a atuação do presidente brasileiro, ele abandou a entrevista.

Antes, Bolsonaro disse que a Alemanha tem “muito a aprender” com o Brasil sobre meio-ambiente. O presidente ainda disse que o Brasil precisa ser respeitado e que o governo brasileiro não está no G20 para “ser advertido”.

Visivelmente irritado durante e entrevista coletiva com jornalistas em Osaka, Bolsonaro disse que o atual governo não “aceitará” tratamento que, segundo ele, presidentes anteriores receberam de líderes de países desenvolvidos.

“O governo do Brasil que está aqui não é como os anteriores que vieram aqui para serem advertidos por outros países. A situação é de respeito com o Brasil. Não aceitaremos tratamento como alguns chefes de Estado anteriores receberam antes”. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Perguntado se encarou como desrespeitosa a fala de Merkel, Bolsonaro aproveitou para por em dúvida a credibilidade da imprensa em geral.

“Eu vi o que está escrito. Lamentavelmente grande parte do que a imprensa escreve não é aquilo. A gente tem que fazer a filtragem para não se deixar contaminar por parte da mídia escrita principalmente”. Bolsonaro.

Merkel

A chanceler alemã havia sido questionada pela deputada do Partido Verde, Anja Hajduk, sobre se o governo alemão deveria continuar investindo nas negociações por um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul num momento em que ambientalistas e defensores dos direitos humanos denunciam a deterioração de direitos relacionados a essas questões no Brasil.

“Eu, assim como você, vejo com grande preocupação a questão da atuação do novo presidente brasileiro. E a oportunidade será utilizada, durante a cúpula do G20, para falar diretamente sobre o tema, porque eu vejo como dramático o que está acontecendo no Brasil”. Angela Merkel, chanceler da Alemanha.

A chanceler, no entanto, disse que é contra impedir que o acordo com o Mercosul seja firmado por causa da posição brasileira em relação ao meio-ambiente.