Nesta sexta, 09, ele começou disputando a semifinal. Com o tempo de 3:44:80, avançou para a final com a 3ª colocação geral e em segundo na forte primeira bateria, na qual Catalin Chirila, da Romênia, que quebrou o recorde olímpico nas eliminatórias, chegou em quinto e foi eliminado. Isaquias ficou atrás apenas do alemão Sebastian Brendel e do tcheco Martin Fuksa.
Na quinta, Isaquias havia disputado a final do C2 500m ao lado do jovem Jacky Godmann, mas acabou ficando na oitava colocação. A dupla foi quarta colocada em Tóquio e considerava estar ainda mais preparada para a disputa em Paris. A decepção por não ter chegado ao pódio no C2 foi uma motivação a mais para o baiano de Ubaitaba.
Isaquias Queiroz
Isaquias nasceu na “cidade das canoas”, significado em tupi-guarani de Ubaitaba, na Bahia. O local de nascimento já predestinava o que o canoísta viria a conquistar remando em uma canoa, mas não sem antes superar alguns obstáculos.
O menino cresceu numa família humilde, ao lado de nove irmãos. O pai faleceu quando o campeão Olímpico ainda era criança e a mãe, Dona Dilma, sustentava a casa como servente na rodoviária da cidade.
Com apenas três anos de idade, uma panela de água fervente virou sobre Isaquias, que ficou um mês internado, com queimaduras em diversas partes do corpo. Sem se recuperar a ponto de conseguir alta do hospital, Dona Dilma assinou um termo de responsabilidade, o levou para casa e cuidou dele até a recuperação.
Aos 10 anos, Isaquias subiu em uma mangueira para ver uma cobra morta, se desequilibrou e caiu de costas em cima de uma pedra. A pancada provocou uma lesão séria no rim, com hemorragia interna, que o levou a uma cirurgia para retirada do órgão. O incidente gerou o apelido de “Sem Rim” ao, agora, cinco vezes medalhista olímpico. Isaquias costuma brincar que “perdeu um rim, mas ganhou um terceiro pulmão”.
Pouco tempo depois, a canoagem entrou na vida do garoto. Isaquias começou a participar do projeto Segundo Tempo, que oferecia prática esportiva para crianças e adolescentes de Ubaitaba. O goleiro Isaquias queria o futebol, mas a canoagem velocidade dominou o coração do menino, inspirado por outro filho ilustre da “cidade das canoas”, Jefferson Lacerda, pioneiro da modalidade no Brasil, que competiu em Barcelona 1992, na primeira vez que canoístas brasileiros estiveram nos Jogos.