Em evento do Esfera Brasil com o ex-presidente Lula (PT) houve mais empresários “peso-pesados” que o do encontro que o mesmo grupo fez com o presidente Jair Bolsonaro (PL).
A reunião foi organizada pelo Esfera e pelo advogado Marco Aurélio de Carvalho, do Prerrogativas, grupo que coordenou também encontros de Lula com empresários da construção civil e personalidades da área jurídica.
Os empresários e banqueiros foram convidados a deixar seus celulares em envelopes para preservar a intimidade da conversa. Nem todos atenderam ao pedido.
Como o principal responsável pelo plano de governo de Lula, Aloízio Mercadante abriu o evento lembrando que Lula foi o Presidente mais bem avaliado da história e diz ter recebido uma série de propostas para a formulação do plano.
A Educação e o Meio Ambiente foram temas tratados por Mercadante como prioritários e quando refletiu sobre o papel do Estado na economia não negou a importância do investimento privado, mas ressaltou a importância do investimento público.
Sobre os bancos públicos, Mercadante afirmou que o BNDES precisa voltar a ser um banco capaz de retomar os investimentos, lembrando a necessidade de ceder protagonismo às micro e pequenas empresas.
Sobre teto de gastos, apontou que, apesar das cobranças para um posicionamento sobre o tema, já há um rombo no teto de gastos e disse que o Lula foi o Presidente mais responsável do ponto de vista fiscal.
Geraldo Alckmin deu continuidade ao encontro dando ênfase à necessidade de combater a desigualdade social; disse não ver antagonismo entre economia e social e ressaltou a importância do consumo para alavancar a economia. Falou em reforma tributária, desburocratização e fortalecimento do salário-mínimo.
O ex-governador lembrou o ganho real de salário-mínimo durante os governos de Lula, sem deixar de lembrar o ganho real do salário-mínimo conquistado nos governos FHC. Comparou com a situação atual, em que há perda real do salário-mínimo.
Lula
Lula afirmou que precisava deles para “acabar com a miséria do Brasil”. O petista lembrou ainda que a eleição não está ganha e que foi lá exatamente para conquistar o voto dos presentes. E foi aplaudido em vários momentos.
Evitando discurso vazio, Lula pediu um diálogo “sem hipocrisia” aos empresários, e afirmou ser necessário que eles dissessem claramente o que têm a propor para tirar o Brasil “do buraco”.
O diálogo foi direto, pois o petista ainda sofre resistência de parte do empresariado. A reunião foi organizada exatamebte para que ele pudesse estabelecer o diálogo interditado com muitos deles.
O ex-presidente Lula (PT) afirmou ainda aos presentes que decidiu procurar o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) para convidá-lo a se candidatar a vice-presidente em sua chapa como forma de “dar o exemplo” e mostrar que não guardava mágoas severas pelo fato de ter sido preso em 2018.
Lula ouviu atenciosamente todas as súplicas e lamentou a derrocada de setores da indústria nacional. Ressaltou que, em seu governo, ouvirá os empresários e fará um trabalho articulado com o setor.
Sobre a independência do Banco Central, Lula afirmou ter garantido autonomia a Meirelles em sua gestão, com a contrapartida de que o economista ouviria todos os interesses envolvidos. Ainda sobre o tema, disse que é importante controlar inflação, mas também garantir empregabilidade e o crescimento econômico.
Sobre o teto de gastos, Lula afirmou ser contrário à limitação, mas comprometido com superavit primário. Disse não ver problema nenhum em o Estado se endividar para trazer investimento ao país. Disse que educação, por exemplo, não é gasto; que isso não pode ser encarado como dívida.
Fortunas
O encontro foi realizado na casa de João Carlos Camargo, presidente do grupo Esfera Brasil, e reuniu os empresários Rubens Ometto, da Cosan, Fabio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, o presidente da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), Isaac Sidney, o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, o banqueiro André Esteves, do BTG, Benjamin Steinbruch, da CSN, Abilio Diniz, do Carrefour, Flávio Rocha, da Riachuelo, Michael Klein, das Casas Bahia, Dan Ioschpe, do grupo Iochpe-Maxion, o advogado Nelson Wilians e Cândido Pinheiro, da Hapvida.