20 de janeiro de 2025Informação, independência e credibilidade
Justiça

MPAL e DPE cobram medicamentos para pacientes trans em processo de redesignação de sexo

Temática foi pauta de encontro após pessoas terem seus tratamentos interrompidos

cirurgia de redesignação de sexo para pessoas trans Foto: Divulgação/Floripa.LGBT

O Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL) e a Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPEAL) se reuniram, na tarde dessa quarta-feira (8), com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) para discutir a falta de medicamentos para pacientes transsexuais.

A temática foi pauta do encontro após pessoas que tiveram os tratamentos interrompidos procurarem a Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, ocasião em que relataram os problemas de saúde enfrentados em razão da ausência dos hormônios. A Sesau prometeu urgência na resolução da demanda.

Durante a reunião, que ocorreu na Sesau, a promotora de Justiça Alexandra Beurlen e o defensor público Lucas Valença lembraram que já existe uma ação civil pública ajuizada pela DPEAL com decisão favorável proferida, obrigando o Estado a fornecer os medicamentos necessários ao tratamento das pessoas trans. “A Sesau, por meio do guia ‘Linha de cuidado em saúde integral da população LGBTQIAPN+ no Estado de Alagoas’ reconhece a necessidade de oferta de hormônios, no entanto, atualmente, ela não dispõe de nenhum dos medicamentos, violando gravemente a saúde física e mental dos pacientes que já vinham recebendo tratamento e foram obrigados a fazer a interrupção bruscamente”, explicou a promotora que atua na defesa dos Direitos Humanos.

Segundo ela, a Clínica da Família Dr. João Fireman, que pertence ao estado, é a responsável pelo atendimento de saúde indispensável para o processo transexualizador dos pacientes, porém, ela não tem estoque dos medicamentos, nem em formulações injetáveis e nem na transdérmica.

MPAL e DPEAL podem pedir bloqueio das contas do estado

Diante da gravidade dos efeitos da suspensão do fornecimento dos medicamentos para os pacientes, o que implica, inclusive, em risco de morte para eles, o Ministério Público e Defensoria Pública, após o estado informar que, nesta quinta-feira (9), começaria a distribuir os medicamentos para homens trans, decidiram aguardar até o final desta semana para confirmar se, de fato, a entrega foi feita. A Sesau havia dito que a falta se deu em razão do processo licitatório.

Já sobre a reposição hormonal para as mulheres, ficou acordado que, dentro de 10 dias, a secretaria enviará ao Ministério Público e à Defensoria um plano de ação para aquisição dos medicamentos. Por fim, a Sesau também deverá dizer o prazo para fornecimento de próteses mamárias, imprescindíveis ao processo transexualizador feminino.

Caso aquilo que ficou combinado não seja cumprido, MPAL e DPAL pedirão o bloqueio das contas do estado, dentro da ação civil pública nº 0708290-26.2023.8.02.0001, já proposta pela Defensoria e com decisão favorável desde maio de 2024, para que os pacientes tenham os seus tratamentos garantidos. “Precisamos promover a garantia do direito à saúde da população trans. Se for necessário, vamos requerer o bloqueio dos recursos do erário estadual para cumprimento da referida decisão”, assegurou Alexandra Beurlen.