Ontem, em pleno domingo – aquele que é o dia mais preguiçoso da semana – e com uma ventania que desconvidou até a caminhada à beira-mar, recosto no sofá, controle remoto na mão, procurando aleatoriamente o que fazer, me deparo com o horário político. Confesso que embora reconheça a importância desse espaço para a apresentação das propostas dos candidatos aos eleitores, ajudando (ou atrapalhando) nas escolhas, não tenho tido muito apetite político para acompanhar essa programação assiduamente.
Alguém tem?
Mas já que estava ali, resolvi olhar com mais atenção!
À primeira vista, pareceu-me que a política alagoana teima em não se renovar. E sem renovação o eleitor se vê cansado e desmotivado numa arapuca de politicagem, em que acaba votando na mesmice que se projeta na maioria das candidaturas. Basicamente nomes e caras conhecidas de muitas eleições, boa parte travestida de filhos, amigos e bajuladores, perpetuando grupos empoderados nas prefeituras e câmaras – estendendo essa realidade à maioria dos 102 municípios alagoanos. Aqui como alhures, as cadeiras dos poderes políticos parecem capitanias hereditárias, em ciclos familiares que não se acabam nunca.
E o que dizer das propostas? A maioria parece um disco de repetição. E por que se repetem? Porque grande parte não se concretiza; muitas tropeçam nos interesses pessoais. Não quero, não posso e nem devo com isso ofender a classe política, nivelando a todos por baixo, pois toda regra tem exceção. Mas, tenhamos santa paciência, a sensação, assistindo ao guia eleitoral, é de que entre nomes e propostas, há muito pouco que eu não tenha visto antes. E muito do que já se viu, não vale a pena ver de novo.
É preciso entender de uma vez por todas que mandatos políticos são para servir à sociedade e não para se servirem da sociedade. Por isso, o eleitor precisa ter consciência da grande responsabilidade na definição do nosso quadro político. É necessário observar por trás da falácia da propaganda política, qual é a relação que tem cada candidato(a) com o bem estar social; qual a sua história fora daquela tela de TV que propaga o guia eleitoral.
E é preciso assumir nossas culpas, pensando nas consequências do nosso voto, e aprender a separar o joio do trigo, descartando, entre o velho e o novo, os históricos de denúncias de malversação de dinheiro público que envolve alguns candidatos; de práticas que ferem a ética e a dignidade do cargo ocupado; de comportamentos que ferem os direitos da cidadania.
É preciso abrir oportunidade também para o novo – o genuíno e verdadeiramente novo – não só por isso, mas também e principalmente pelo que ele representa; o que pode trazer de novas propostas e novas práticas políticas. E também avaliar com responsabilidade as boas experiências de quem, estando lá, tenha, de fato, honrado o mandato e demonstrado bons serviços ao bem da sociedade.
Entre o velho e o que se propõe como novo vale sempre perguntar, com a consciência da força do voto e o olhar focado no trabalho de cada candidato ou candidata: O que de fato já fez e pode fazer pelo bem estar comum?
É isso que deve nortear a decisão individual diante da urna.