O futebol do Considerado, Vó Nildinha, Tonelada, Toroca, JB e o caixão de Zé do Egito

O campeonato decidido durante o café do Hotel Enseada por conta da língua solta do Tonelada

O Considerado amanheceu o sábado “amuado” dentro de casa. A avó, Nildinha, passava de um lado a outro e o neto num canto da sala, cabisbaixo e resmungando: “Filhos da puta, são uns cornos… Dentro de casa…”

A avó não aguentou e partiu para esclarecer as coisas: – O que está acontecendo rapaz, alguém bateu em você, perdeu o juízo, ou levou alguma “gaia”?

Chamado à atenção, ele reagiu: -Que é isso vó, a senhora vem logo com agressão? -Agressão é se eu tivesse metido logo esse cabo de vassoura na sua cabeça, para você parar com esses resmungos idiotas aí no canto da parede. – Rebateu ela.

Considerado então resolveu contar logo o motivo de sua leve depressão dentro de casa. Ele na sexta-feira à noite foi ao Estádio Rei Pelé assistir ao jogo do CRB com o Ferroviário do Ceará pela Copa do Nordeste. Foi certo de que o seu time de coração venceria o jogo, mas o Galo da Praia perdeu por 2 a 1. Então, passou o resto da noite com um grupo de amigos em um boteco do Trapiche da Barra, próximo ao estádio, e só chegou em casa na madrugada do sábado. Assim, acordou 9 horas da manhã revoltado e não parava de dizer baixinho: -Time de corno!

Após ouvir a história dona Nildinha disse que o futebol já não era mais o mesmo e que os bons tempos dos times de coração já não existiam mais. “Controle-se menino, vá tomar banho e esfriar a cabeça. E se sair hoje vê-se me apresenta alguma namorada sua. Pois só sei de você com o Batoré, o Rui Caceteiro, Machadão Boca de Ponche, aquela turma dos Araçás, Zoio de Kombi e nenhuma mulher no meio”.

-Porra vó, a gente falando de futebol e a senhora já vem com essa história que não tem nada a ver? – Reagiu. -Tem tudo a ver, porque você anda com esse monte macho e quase nunca vi você com uma namorada. – Alfinetou Nildinha.

-Por favor, vó, não se meta na minha vida. – Protestou Considerado. -Ah me meto sim, você mora na minha casa, come a minha feira, bebe com o meu dinheiro e ainda fica deprimido por causa de um joguinho de futebol. Não admito. – Reagiu.

-É está certo vou parar de falar, principalmente, sobre futebol aqui nesta casa. -Disse ele. -Você pode falar sobre o quiser, faz bem. Agora futebol só lembro dos tempos de Zé do Egito. Tinha mais emoção. – Provocou a avó.

-Quem é esse tal de Zé do Egito, vó? -Questionou. Nildinha então disse que era um paraibano, que costumava contratar jogadores e juízes de futebol para vencer campeonatos e ganhar dinheiro. Fez muito em Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Ceará. -E como a senhora conheceu essa peça minha vó? Ela explicou que estava no café do hotel Enseada, com uma turma, e lá estavam vários regatianos. Entre eles, Toroca, Darlan Brandão e João Beltrão (JB), deputado estadual e diretor de futebol do Galo. “O presidente era o Darlan, um homem de bem”, disse ela.

-E a senhora conhecia esse povo todo?

-Tudinho e muito mais. Por isso, embora vermelha de coração, não ligo mais para futebol.

-O que houve?

-Eu estava com uns amigos no café do Hotel enseada, após uma caminhada, quando entra no salão um amigo seu dessa turminha que você anda.

-Quem vó?

-Aquele que vocês chamam de Tonelada…

-Ah, o Davan…

-Por que Davan?

-É que ele normalmente contrata as vans para levar a turma para as farras pelo interior.

-Meu Deus, ele até que não e de se jogar fora, mas só pensa em beber.

-Lá vem a senhora. Vai agora dar em cima dele também?

-Não, mas esse toneladazinho tem dado umas olhadas pra mim.

-Não é possível minha avó, termine logo a história do café.

-Ah o Tonelada, com a língua solta, entrou lá e disse ao Toroca que desistisse de ganhar do CSA dele no dia seguinte, porque o Euclides Mello já tinha resolvido tudo com Zé do Egito.

-Meu Deus. E o que houve?

-O Toroca disse ah é, filho da mãe, vou acabar com a sua farra.

-Eita… E aí?

-Toroca olhou de lado e disse: -Está vendo aí João Beltrão, o Euclides e o Zé do Egito estão aliados para nos lascar. Resolva isso.

-E resolveu, vó?

-Resolveu sim. Na hora JB ligou para o paraibano e botou para quebrar em cima dele. No dia seguinte o CRB ganhou o jogo e ganhamos o campeonato.

-Sim, mas como foi isso?

-JB ligou e disse: Oh Zé do Egito, estou sabendo do seu acordo com um juiz aí da Paraíba e o Euclides para tirar o campeonato do CRB. Agora só lhe digo uma coisa: Se for assim, venha com o juiz e traga um caixão preto que você vai voltar nele, filho da puta.

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