A depressão, uma doença que tem se espalhado no mundo moderno, chegou ao nosso amigo Considerado. O cara anda numa tristeza de dar dó.
Os amigos estão preocupados e não é para menos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é um dos países com maior incidência da doença. A estimativa é que atualmente 10,8% dos brasileiros sofrem desse mal.
Agora o Considerado engrossa a estatística. Sua alegria sumiu do mapa e deu lugar aos resmungados pelos cantos da casa de dona Nildinha, avó dele.
Ela já tentou de tudo para fazer o neto voltar à normalidade, a vida sadia, a brincadeira com os amigos, cachaçadas dos botequins. Tudo em vão.
Angustiada, Nildinha ligou para o Batoré, amigo de primeira hora do rapaz. Pediu ajuda. Disse-lhe que já não sabe mais o que fazer.
Jeitoso, o Batoré (o Babá) pediu a velha que tivesse paciência com o jovem por que a vida não está fácil para ninguém. Principalmente, por que a depressão é uma doença séria e pode levar o paciente a uma situação extrema.
-Meu filho, você que anda muito com ele pode me dizer o que está acontecendo?
-Ah, dona Nildinha é um monte de coisas…
-Por exemplo?
-Primeiro, ele está desempregado há muito tempo e, portanto, anda liso. Segundo, por isso mesmo perdeu a namorada com quem ele imaginava que ia se casar e ela anda com o cunhado do Cobra Coral.
-Não sei mais o que fazer Batoré, por que nem beber ele bebe mais.
-Dona Nildinha, meu nome não é Batoré!
Irritado o Babá desligou o telefone. A velha ficou apreensiva com o celular na mão. Sabe ela que nessas horas, quando alguém chama o Babá de Batoré ele explode nos termos: -Batoré é a puta que lhe pariu e o corno que lhe amassou, filho da puta!
Ela deu um tempo estratégico para o Babá encontrar a própria calma. Uns quinze minutos depois ligou de novo. Ele, preocupado com a situação do Considerado, atendeu em seu estado normal.
-Diga dona Nildinha, mas com respeito, viu?
-Sim meu filho. Mas, você falou em um Cobra Coral e o cunhado dele. Eu não sei quem são.
-O Cobra Coral é quase sócio do Grutinha Bar, torcedor do Santa Cruz. O cunhado dele é senhor de engenho lá na Viçosa.
-Não estou entendendo a relação…
-O cunhado foi quem botou “gaia” no Considerado.
-Eita meu filho, aí eu já não posso fazer nada.
-E o que a senhora pode fazer para tirar seu neto dessa zica?
-Está difícil. Já falei com o Ruizinho, com Renanzinho, Arturzinho, Doquinha, com Mãe Neuza, Pai Célio, para ver se alguém arranja um gancho pra ele e nada. Até com aquela jornalista da Federação, Blaina Oliveira eu falei…
-Ele é qualificado para quê mesmo minha vó?
-Bem, ele sabe fritar ovo…
-Aí só vejo um jeito dona Nildinha.
-Qual é meu Babá?
– Falar com o Bozo para arranjar pra ele a Embaixada do Paquistão!