Diante das fortes chuvas que estão atingindo Alagoas nos últimos dias e que causaram inundações e enchentes em diversos municípios, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) reforça o alerta para que a população adote as medidas de prevenção contra a Leptospirose, doença infecciosa febril, transmitida a partir da exposição à urina de animais como os ratos, que estejam infectados pela bactéria Leptospira.
Além de não caminhar, nadar, tomar banho ou beber água de fonte que possa estar contaminada pela água da inundação com urina de animais; é necessário cobrir cortes ou arranhões com bandagens à prova d’água; prevenir infestação de roedores, realizando acondicionamento adequado do lixo e evitando acúmulo de entulhos; tratar a água antes do consumo, fervendo ou utilizando hipoclorito de sódio; e se precisar ter contato com a água com indícios de contaminação, utilizar botas e luvas para reduzir o contato com com a pele.
Além destas medidas, no caso dos móveis e alimentos atingidos pelas águas de enchentes e inundações, é recomendado lavá-los com uma mistura de água e hipoclorito de sódio a 2,5%, que é disponibilizado pela Rede Pública de Saúde, usando sempre luvas e botas de borracha. É necessário usar a proporção de 20 litros de água para duas xícaras de chá (400 ml) de hipoclorito de sódio e deixar a solução agir por no mínimo 15 minutos.
Esta ação tem o poder de evitar que a bactéria Leptospira se mantenha ativa e possa infectar as pessoas que venham a ingerir os alimentos ou utilizar os móveis que tiveram contato com água contaminada, uma vez que, se esses objetos ainda estiverem em bom estado de conservação para uso ou possam ser consumidos, o processo de desinfecção é essencial para resguardar a saúde das pessoas afetadas.
Conforme o secretário de Estado da Saúde, médico Gustavo Pontes de Miranda, em períodos chuvosos e, principalmente, durante os episódios de calamidade pública, como o vivenciado atualmente, a população deve ficar alerta para evitar o adoecimento por vírus e bactérias que sejam disseminados pelas águas das enchentes e inundações.
Isso porque, no caso da Leptospirose, por exemplo, além de levar à internação hospitalar, pode levar o paciente ao óbito, uma vez que ela é uma doença grave, cujos primeiros sintomas começam a aparecer, geralmente, após um intervalo de que varia entre 7 a 14 dias, após a exposição a água infectada com a urina de animais contaminados pela bactéria Leptospira”, salientou o gestor da saúde estadual.
E o alerta da Sesau deve ser levado em consideração porque, segundo o Ministério da Saúde (MS), por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), Alagoas notificou em todo o ano passado, 86 casos de Leptospirose, além de 13 óbitos. Já no primeiro quadrimestre de 2022, foram registrados 10 casos e três óbitos e, no mesmo período deste ano, foram registrados 14 casos e, felizmente, nenhum óbito.
Sintomas, Diagnóstico e Tratamento
De acordo com infectologistas, a Leptospirose aponta como principais sintomas a febre, dor de cabeça e muscular, principalmente nas panturrilhas, falta de apetite, náuseas e vômitos. A pessoa acometida pela doença também pode ter diarreia, dor nas articulações, vermelhidão ou hemorragia conjuntival, fotofobia (aversão à luz), dor ocular, tosse e, podem ocorrer, raramente, manchas vermelhas na pele, aumento do fígado e do baço, urina escura, insuficiência renal, hepática e respiratória, que podem levar à morte.
Por isso, ao ter histórico de contato com água contaminada e apresentar os sintomas descritos na literatura médica, é recomendado procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima, onde será prestada a assistência médica e coletado material biológico para o exame de diagnóstico. Por meio da análise de amostra do sangue do paciente, será verificado, no Laboratório Central de Alagoas (Lacen/AL), se há a presença de anticorpos para a Leptospirose, bem como, a presença da bactéria leptospira.
Desde o momento do diagnóstico clínico, diante dos sintomas apresentados, o tratamento com antibióticos será iniciado, estando o paciente no ambiente ambulatorial ou hospitalar, já que o Protocolo do MS prevê que nem todos os pacientes podem necessitar de internação, quando a assistência em saúde ocorre de forma precoce e o quadro clínico não apresenta gravidade.