29 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Valor médio do Auxílio Brasil não compra nem uma cesta básica

Cesta mais barata, em Aracaju (SE), é quase 25% mais cara que o benefício do Governo Bolsonaro

O valor médio do Auxílio Brasil, de R$ 407,54, é insuficiente para comprar uma cesta básica nas 17 capitais analisadas pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em janeiro deste ano.

Segundo dados divulgados na segunda-feira (7), a cesta mais barata foi encontrada em Aracaju (SE), por R$ 507,82, em média — valor 24,6% maior que o benefício substituto do Bolsa Família.

Somente Porto Alegre (R$ 673,00) registrou queda no preço da cesta básica no mês passado, de acordo com o Dieese. Nas demais, os aumentos entre dezembro e janeiro variaram de 0,87%, em Florianópolis (R$ 695,59), até 6,36%, em Brasília (R$ 661,09).

São Paulo é a capital com a cesta básica mais cara do país, valendo R$ 713,66, em média — quantia 75% maior que o Auxílio Brasil pago em janeiro pelo governo federal. Depois, aparecem Florianópolis, Rio de Janeiro (R$ 692,83), Vitória (R$ 677,54) e Porto Alegre.

Até o mês passado, 17,5 milhões de famílias estavam cadastradas para receber o Auxílio Brasil. A maior parte (8,3 milhões) está na Região Nordeste, à frente de Sudeste (5 milhões), Norte (2,1 milhões), Sul (1,1 milhão) e Centro-Oeste (893 mil).

Com a inclusão de mais 3 milhões de famílias entre dezembro e janeiro, o governo diz ter zerado a fila do programa e os pagamentos de fevereiro começam na próxima terça-feira (14) e vão até o dia 25, de acordo com o calendário do Auxílio Brasil.

Salário mínimo ideal

Com base na cesta básica mais cara, que, em janeiro, foi a de São Paulo, o Dieese  calcula que o salário mínimo ideal para manter uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 5.997,14 no mês passado, o que seria suficiente para suprir as despesas com alimentação, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e Previdência Social, segundo o órgão.

Esse valor, porém, corresponde a 4,95 vezes o salário mínimo atual, de R$ 1.212. Se comparado à renda média do trabalhador brasileiro, que em outubro de 2021 estava em R$ 2.449, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a diferença é de 2,44 vezes.