7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

AL: Rede de Atenção atendeu 284 vítimas de violência sexual em 4 meses

269 das vítimas são mulheres, o que representa 94,7% do total

Mulheres são as mais vulneráveis e são presas fáceis para sofrer violência sexual. Fotos: Carla Cleto

Desde sua criação, em outubro do ano passado, até o mês de fevereiro deste ano, a Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual (RAVVS) da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) já conseguiu assistir e proteger 284 pessoas em situação de vulnerabilidade. Dos casos registrados, 269 vítimas são mulheres, o que representa 94,7% do total.

Nesta sexta-feira (8), quando é celebrado o Dia Internacional da Mulher, apesar do pouco tempo de atuação, a RAVVS aponta o início da superação de aspectos como a vergonha, o medo e a falta de perspectiva de um futuro, que dificultam a identificação de situações de violência.

“A população começa a ter um entendimento sobre onde deve procurar ajuda. Boa parte desses casos é de mulheres que, muitas vezes, não se sentiam seguras em ir à delegacia denunciar. Que não sabiam como proceder diante de violências de caráter machista e de persistência contínua”. Camile Wanderley, coordenadora da RAVVS.

Segundo ela, a violência física, psicológica ou sexual está ligada a vários fatores, entre eles o preconceito e o medo, ligados, por sua vez, às condições interpessoais associadas às desigualdades de gênero.

“A mulher ainda tem muito medo de que o tapa ou o murro possam se repetir. Existe um estresse pós-traumático na vítima de violência sexual, por isso trabalhamos por meio da assistência psicossocial, para que essa vítima possa voltar ao seu cotidiano sem tantos comprometimentos no que diz respeito à sua saúde mental”. Camile Wanderley.

Camile Wanderley diz que Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual presta total assistência às mulheres.

Camile Wanderley ressaltou que, além dos problemas surgidos na saúde física e mental, a relação violenta diminui a qualidade de vida da mulher, sua capacidade produtiva, seu trabalho, sua educação e autoestima.

Esses traumas podem causar agressividade, afastamento do trabalho, isolamento social, dificuldade de expressar emoções e sentimentos, depressão, ansiedade e até a automutilação e tentativas de suicídio.

“É um trauma muito forte na vida de uma mulher. Não é como quebrar um braço, entrar numa sala de cirurgia e colocá-lo no lugar. Não! A marca sempre vai estar lá”. Camile Wanderley.

RAVVS

Com o foco em desempenhar um papel importante na garantia de direitos das mulheres alagoanas, a Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual é formada por uma equipe multiprofissional composta por especialistas das áreas de enfermagem, serviço social e psicologia.

Eles atuam para prestar assistência às vítimas de violência sexual, a partir de buscas ativas ou denúncias apresentadas pelos telefones 0800 284 5415, (82) 3315- 2059 ou (82) 98882- 9752. Para a efetivação da rede intrasetorial, foi criado um Grupo Técnico de trabalho, uma Comissão de Regionalização e uma Comissão Operativa.

Se a vítima está dentro do Instituto Médico Legal (IML), por exemplo, e precisa ser encaminhada para o serviço de assistência à saúde, a equipe da Sesau acompanha a vítima e os familiares, até que o protocolo de assistência seja totalmente finalizado.

O intuito é que se possa criar uma nova cultura de atendimento e um olhar para a vítima de violência sexual dentro das unidades de saúde vinculadas à Sesau, sem preconceitos, de forma humanizada, evitando a revitimização e garantindo que ela tenha um atendimento em tempo hábil, para que seja feito todo o processo de profilaxia e assistência à saúde.