7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Personalidades

Alagoano Cacá Diegues toma posse na Academia Brasileira de Letras

Segundo ele, hoje se vive o momento mais paradoxal do cinema brasileiro

Cacá Diegues: cineasta e escritor

Nesta sexta-feira, 12, à noite, o alagoano de Maceió, Cacá Diegues, nascido Carlos Diégues, foi empossado na cadeira número 7 da a Academia Brasileira de Letras (ABL), sucedendo ao seu mentor e amigo Nelson Pereira dos Santos. A solenidade será no Petit Trianon, no Rio de Janeiro.

Assim como Nelson Pereira, Cacá é considerado um dos mais importantes cineastas do Brasil. Ele foi eleito para academia em agosto do ano passado. Vai tomar posse em dos momentos mais turbulentos da história recente da indústria cinematográfica brasileira.

Cacá, no entanto, é um otimista, seja como novo integrante da ABL, onde quer ter a oportunidade de propagar uma cultura que represente a diversidade do país, seja como observador privilegiado das negociações para salvar o cinema nacional.

Mesmo assim, não mede palavras na hora de alertar: -se a bomba não for desarmada, podemos, sim, ter um repeteco da extinção da Embrafilme, que implodiu a produção em 1990. Só que com efeitos piores, já que o setor emprega muito mais gente hoje.

— Este é o momento mais paradoxal da história do cinema no país — diz o diretor de clássicos como “Cinco vezes favela”, “Chuvas de verão” e “Bye bye Brasil”. — Ao mesmo tempo em que ele vive sua melhor fase, com uma diversidade enorme, produzindo 160 filmes por ano, com uma garotada começando a fazer filmes no exterior, outros fazendo sucesso no próprio país, está ameaçado de acabar. A estrutura formada para criar o cinema está desmoronando. Porque hoje você não sabe direito quais são as condições para se fazer cinema no Brasil.

O que estaria “demolindo” a Ancine, segundo Cacá, é a própria estrutura do órgão, encarregado, a um só tempo, de fomentar, regular e fiscalizar o setor.

— São três coisas diferentes, não podiam estar no mesmo órgão — defende.