8 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Alagoanos mantidos em trabalho análogo à escravidão são resgatados e deixam fazenda no ES

MPT coordena esforços para garantir a segurança e o bem-estar dessas pessoas e apura a denúncia

O Ministério Público do Trabalho (MPT)  confirmou que a Polícia Militar do ES resgatou o grupo de trabalhadores alagoanos que se encontrava em situação de risco em uma fazenda no interior do estado, nesta terça-feira (14). Agora, coordena esforços para garantir a segurança e o bem-estar dessas pessoas.

A Superintendência tem mantido contato permanente com a Secretaria de Assistência Social do ES para organizar o transporte e trazer os trabalhadores de volta a Alagoas. Inclusive, o órgão já entrou em contato conosco para assegurar que todos cheguem em segurança.

Horas antes, a cozinheira Wagna Silva, de 43 anos, informava que 12 pessoas de Penedo foram para a fazenda colher café, mas, quando chegaram ao local, o cenário foi diferente do apresentado.

“Quando a gente chegou aqui, não tinha café suficiente para se colher, o dono da fazenda está ameaçando a gente, falando que, se a gente for embora, vai reter a documentação da gente e que vai atrás com a polícia”.

Na denúncia, a cozinheira relata que todos estão dormindo no chão de concreto frio de uma casa insalubre. “A gente está cheio de caroços por causa de mosquito. Comida a gente está comprando, mas o dinheiro está acabando. A gente quer sair daqui e ser resgatado”, completou ela.

O MPT informou que está apurando a denúncia, mas não pode repassar mais informações para não atrapalhar as investigações. O superintendente Regional do Trabalho e Emprego em Alagoas (SRTE/AL), Cícero Filho, comunicou que está acompanhando a denúncia.

Assembleia

Durante a sessão desta terça-feira, 14, os deputados Delegado Leonam (União Brasil) e Cabo Bebeto (PL) repercutiram o caso de trabalhadores alagoanos que estão vivendo em condições análogas à escravidão no interior do Espírito Santo, situação tipificada no artigo 149 do Código Penal como crime.

Delegado Leonam disse que o patrão reteve os documentos dos trabalhadores. “Além dessa situação, lá aconteceu o ‘truck system’, onde o empregador faz seus funcionários reféns do próprio salário, obrigando-os a consumir materiais de higiene pessoal e alimentação. Alguns deles, inclusive, estão acumulando uma dívida de mais de R$ 11 mil”, denunciou.

“Nós já oficializamos à superintendência da Polícia Federal, o Ministério Público Federal e o Governo do Estado para que tomem as devidas providências e tragam estes alagoanos de volta ao Estado.”.

Em seguida, o deputado Cabo Bebeto (PL) informou que também teve acesso à denúncia e que depois de postar um comentário em um site de notícias recebeu o contato de um dos trabalhadores que estão no Espírito Santo, chamado Stefanio, que confirmou o caso.

“Entrei em contato com o coronel Cesar Monte, da Polícia Militar de Alagoas, que em seguida falou com dois coronéis da Polícia Militar do Espírito Santo. Às 16h30 a PM/ES chegou ao local da denuncia e, neste momento, está esperando o Ministério Público do Trabalho, para que seja feito todo o procedimento jurídico. Os alagoanos estão salvaguardados e em breve estarão de volta às suas casas”, tranquilizou.