6 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Arregou: Bolsonaro diz que governo errou em regra para aposentadoria de policiais

Presidente fez apelo por alteração e disse que não se pode dizer que a categoria é privilegiada

Bolsonaro não cedeu à pressão e já articula para facilitar aposentadoria de policiais

Após um discurso no Exército, nesta quarta-feira (3), em São Paulo, quando tranquilizou militares sobre a reforma da Previdência depois de ser chamado de traidor por um grupo de policiais dentro da Câmara, o presidente Jair Bolsonaro recuou totalmente nesta quinta-feira (4). Agora, ele já afirma que errou ao não ter incluído regras mais brandas para a categoria.

Ele já chegou a dizer que “o sacrifício tem que ser dividido para todos, para que possamos colher os frutos lá na frente”.

Agora, o presidente faz um apelo público pela mudança no texto da proposta para policiais federais e rodoviários na reforma previdenciária.  Apesar disso, ele defendeu que a mudança não é uma tentativa de privilegiar as forças policiais e pediu uma atitude de bom sendo do Poder Legislativo.

“Tem um equivoco que nós, governo, erramos e dá para resolver essa questão através do bom senso dos senhores. Eu peço, por favor. O discurso de alguns, como se quiséssemos privilegiar também policia federal e policia rodoviária federal, não procede. São aliados nossos e nunca tiveram privilégio no Brasil”. Jair Bolsonaro, presidente.

O presidente ressaltou que as forças policias são aliadas do país e pediu que as demandas da categoria sejam atendidas nem “que seja em parte”. Para ele, não é justo também dizer que os policiais militares são privilegiados.

“Policial militar nunca teve privilégio no Brasil. Se fala em restabelecer privilégios, não é verdade. Eu apelo aos senhores, nessa questão especifica, vamos atender, que seja em parte, porque os policias militares são mais do que os nossos aliados, são aqueles que dão as suas vidas para todos nós brasileiros. O mesmo no tocante à policial federal e à policial rodoviária”. Jair Bolsonaro, presidente.

Maia e Guedes em rota de colisão devido a reforma da previdência

Que se vire o Congresso

Sem acordo com representantes de policiais federais, caiu o acordo para aliviar regras de aposentadoria para a categoria, policiais rodoviários e policiais legislativos. Líderes da Câmara defendiam que Bolsonaro tenha que conseguir os votos para agradar sua base eleitoral e desidratar a própria reforma da Previdência.

A comissão especial da Câmara que analisa a reforma da Previdência encerrou a sessão iniciada nesta quarta-feira (3) sem votar o relatório sobre a proposta. A expectativa é que a votação seja feita em nova reunião nesta quinta-feira (4).

As regras para as aposentadorias dos policiais que atuam na esfera federal serão mantidas. As categorias, que incluem policiais federais e legislativos, se aposentarão aos 55 anos de idade, com 30 anos de contribuição e 25 anos de exercício efetivo na carreira, independentemente de distinção de sexo.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a líderes que chegou a pensar em desistir da reforma. Maia não só comanda a Câmara oficialmente, como lidera informalmente o chamado Centrão, um grupo de cerca de 200 deputados de PP, DEM, MDB, PL, PRB e SD que tem determinado o rumo das votações no Congresso.

O Centrão está à frente das movimentações para aprovar a reforma ainda neste mês na Câmara. O grupo primeiro reclamou do fato de o partido do presidente, o PSL, ter apresentado o maior número de emendas ao projeto de reforma igualando os benefícios dos policiais aos dos militares.

O ministro da Economia, Paulo Guedes intercedeu e o presidente pediu ao PSL para recuar. Agora, com o Palácio voltando atrás os outros partidos já começam a reclamar publicamente.

“Ora se nem o governo, que defende a reforma, está satisfeito com a forma final do texto e o texto vai mudar, não é razoável começar uma votação sem saber o que se está votando”. Líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).