Em seus últimos dias como presidente do Brasil, Michel Temer (MDB) é signatário ao lado de Rússia, Índia, China e África do Sul (os Brics) de uma declaração em que os países se comprometem com a “plena implementação do Acordo de Paris”.
O gesto tem significado apenas simbólico, diante das críticas de Jair Bolsonaro (PSL), em relação ao tratado, feitas ontem (29) no Twitter. O presidente eleito também revelou ter participado da decisão do Brasil de retirar o convite para sediar a Conferência da ONU sobre o clima, a COP-25.
A COP25 seria palco das negociações para a implementação do Acordo de Paris. Mas o próprio futuro ministro Araújo já deu declarações questionando o que chamou de “alarmismo climático”.
Sujeitar automaticamente nosso território, leis e soberania a colocações de outras nações está fora de cogitação. É legítimo que países no mundo defendam seus interesses e estaremos dispostos a dialogar sempre, mas defenderemos os interesses do Brasil e dos brasileiros.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 29 de novembro de 2018
Em resposta, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, que não pretende assumir compromissos ambientais que impactem o agronegócio brasileiro. A resposta foi uma reação às declarações do presidente francês, Emmanuel Macron, que condicionou o avanço das negociações entre a União Europeia (UE) e o Mercosul à posição do governo eleito sobre o Acordo Climático de Paris.
“Esse acordo Mercosul com a União Europeia atinge interesses da França, um país voltado também para o agronegócio. A partir do momento que querem diminuir a quantidade de exportáveis nossos, essas commodities, logicamente que não podem contar com o nosso apoio. Mas não é um não em definitivo, nós vamos negociar”, ressaltou Bolsonaro, no interior paulista.
Ele não está no encontro do G20.
Ao chegar a Buenos Aires, o presidente da França afirmou que a assinatura de um acordo comercial entre União Europeia e Mercosul depende do apoio do governo brasileiro ao Acordo de Paris.
Sem mencionar o futuro presidente brasileiro, o Macron mandou uma mensagem direta: “Do lado francês, eu digo claramente que não sou favorável à assinatura de um acordo comercial amplo com potências que não respeitam o Acordo de Paris e que anunciam que não vão respeitar o Acordo de Paris”, disse ele.