7 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Corrupção

Bolsonaro e informante na RF tiveram 6 encontros para tentar blindar Flávio

Filho de Bolsonaro e outros parlamentares da Assembleia eram investigados por prática de corrupção

Um coronel da reserva do Exército, que teve ao menos seis encontros com Jair Bolsonaro (PL) nos palácios do Planalto e da Alvorada em 2019, é mencionado como informante pelo ex-presidente em uma reunião sobre o caso das “rachadinhas” envolvendo seu filho Flávio Bolsonaro.

O filho de Bolsonaro e outros parlamentares da Assembleia eram investigados por prática de corrupção ao se apropriarem de parte dos salários de seus assessores, além de outras possíveis irregularidades.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, tornou público um áudio de agosto de 2020 no qual o ex-presidente discutia o uso da máquina federal para anular a investigação. Na reunião, o ex-mandatário se comprometeu a contatar a Receita Federal e o Serpro para buscar provas de acesso ilegal aos dados de Flávio.

Além de Bolsonaro, participaram da reunião o  então chefe do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, o à época diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) Alexandre Ramagem (PL) e duas advogadas de Flávio, Luciana Pires e Juliana Bierrenbach.

O encontro aconteceu no dia 25 de agosto de 2020. Bolsonaro disse que quem passava as informações para ele era “um coronel do Exército” e, em uma aparente ironia, acrescentou dizendo que deveria “ter trocado pelo serviço secreto russo”.

Em seguida, Bolsonaro diz ter esquecido o nome, momento em que Augusto Heleno diz saber quem é a pessoa, mas também demonstra certa hesitação em lembrar. Ele mencionou “Magela”, e Bolsonaro repetiu o nome.

Segundo a Folha de São Paulo, fontes próximas ao caso afirmam que, na realidade, a pessoa mencionada é Carlos Alberto Pereira Leonel Marsiglia, um coronel reformado do Exército.

Os registros da agenda pública de Bolsonaro durante a presidência revelam que ele se encontrou com Marsiglia seis vezes no primeiro semestre de 2019, sendo cinco desses encontros privados. O primeiro ocorreu em 28 de março e o último em 23 de maio.

Marsíglia é irmão de um auditor da Receita Federal do Rio de Janeiro. Ele e outros colegas estavam envolvidos em uma disputa com o órgão. O caso foi usado pela defesa de Flávio Bolsonaro para argumentar que houve acesso ilegal aos dados fiscais através da Receita Federal.