7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Bolsonaro à jornalista estrangeira sobre o filho e milícias: “não é de sua conta”

Antes de comemorar a saída de Jean Wyllys, após ameaças de morte, Bolsonaro respondeu ainda não ter nada contra gays

Após a conturbada passagem em Davos, com discurso criticado e fuga de entrevista coletiva agendadas, para não falar sobre o filho Flávio, senador eleito envolvido com milícias, o presidente Jair Bolsonaro soltou mais uma no Fórum Econômico Mundial. Desta vez, para o Washington Post.

A jornalista Lally Weymouth, que não é da TV Record e portanto não tem perguntas combinadas, questionou o presidente sobre “o escândalo envolvendo seu filho”. Ela foi direta e questionou sobre ele ter “empregado pessoas com laços estreitos com membros de gangues”. Bolsonaro até respondeu, mas num primeiro momento, falou o que queria:

“Este não é um assunto de governo, ou da sua conta”. Jair Bolsonaro, presidente do Brasil.

Eventualmente, o pai do “garoto” disse que Flávio ter o sobrenome “Bolsonaro” seria a única razão das investigações. “É resultado de acusações políticas ao meu governo”.

Ao menos, seguiu a linha que ele deu na Record, sem ser pressionado, quando disse que “não é justo atingir o garoto para tentar me atingir. Para o meu filho aquele abraço, fé em Deus, que tudo será esclarecido com toda certeza”.

Além de ficar com o salário de funcionários na Assembleia Legislativa do Rio, quando vereador, e todo o imbróglio de seu assessor Queiroz no Coaf, foi descoberto que o filho do presidente está envolvido com milícias do Rio. Além de dar trabalho para policiais do sindicato do crime, ele homenageou os criminosos que podem estar envolvidos na morte da também vereadora Marielle Franco, ano passado.

Jean Wyllys

A jornalista do Post perguntou ainda se ele podia “assegurar à comunidade LGBT que eles têm lugar no seu Brasil”. Bolsonaro disse que “todos têm lugar no nosso Brasil”.

Entretanto, não se pode escrever nem mesmo o que ele fala, pois seria considerada fake news. Horas depois, seu outro filho, Carlos Bolsonaro, comemorava o exílio do deputado Jean Wyllys.

O presidente fez o mesmo.

Deputado reeleito, Jean Wyllys. sucumbiu às ameças de morte e resolveu abandonar o Brasil, mostrando que Bolsonaro, sua família, seu governo e seus seguidores realmente tem algo contra gays. Apesar dele ter dito o contrário na entrevista: “eu não tenho nada contra gays”.