8 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro sobre Herzog: “Suicídio acontece, o pessoal pratica”

Corte Interamericana de Direitos Humanos responsabiliza o Estado pela falta de investigação, julgamento e sanção dos responsáveis pela tortura e assassinato do jornalista em 1974

O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, elogiou a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) de responsabilizar o Estado pela falta de investigação, julgamento e sanção dos responsáveis pela tortura e assassinato do jornalista Vladimir Herzog, em 1974. Segundo ele, a iniciativa reaviva o compromisso em favor da democracia e dos direitos humanos.

“A decisão da Corte de São José reaviva a importância da indignação causada pela morte de Herzog para confirmar o compromisso inarredável da sociedade brasileira com a democracia e o respeito aos direitos humanos”, afirma em nota o chanceler.

A sentença, anunciada há dois dias, determina ao Brasil reiniciar, com a devida diligência, a investigação e o processo penal cabíveis pelos fatos ocorridos em 1975 para identificar, processar e, se necessário, punir os responsáveis pela tortura e morte de Herzog.

Também determinou reconhecer, sem exceção, que não haverá prescrição, por se tratar de crimes contra a humanidade e internacionais.

Bolsonaro

O pré-candidato à presidência, Jair Bolsonaro, pede definição de ditadura e diz que, com o ele, o Brasil voltará àquela época, que ele vê como positiva. “Nós tínhamos o direito de ir e vir. Podíamos sair do Brasil e voltar. Este pessoal, em torno de 400, que morreram ou desapareceram, queriam que a ditadura do proletariado que é a mesma que tem em Cuba”, disse ele. “Não aceitarei essa ideologia de esquerda aqui dentro, vamos cortar dinheiro de ONG”.

Comentando o caso do jornalista Vladimir Herzog, Bolsonaro afirmou que lamenta a morte, mas que não estava lá e “suicídio acontece”. “O pessoal pratica suicídio. Não tínhamos nada pelo que o Herzog fazia que de você dar pancada nele. Ele era um colaborador. Da minha parte, é passado”. Vale lembrar que Herzog, oficialmente, se enforcou na altura de um adulto ajoelhado, em sua célula. Sem testemunhas.