6 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Bolsonaro tenta acalmar policias sobre a previdência e incomoda Centrão

Ao tentar se reaproximar de sua base aliada, que o chamou de traidor, presidente mina votação no Congresso

Presidente Jair Bolsonaro em cerimônia do Exército nesta quarta-feira (3), em São Paulo – Marcos Corrêa/PR

Em seu discurso na cerimônia do Exército nesta quarta-feira (3), em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) tranquilizou militares sobre a reforma da Previdência. Isso dia após ser chamado de traidor por um grupo de policiais dentro da Câmara.

“A reforma da Previdência atenderá a todos. Fiquem tranquilos meus colegas das forças auxiliares. O sacrifício tem que ser dividido para todos, para que possamos colher os frutos lá na frente”. Jair Bolsonaro, presidente.

As forças auxiliares compreendem policiais militares e bombeiros.​ Em outros momentos, Bolsonaro fez elogios aos militares, referindo-se a eles como irmãos, e buscou exaltar seu passado no Exército. Falou, por exemplo, que a experiência nas Forças Armadas foi fundamental em sua trajetória e que, como os colegas, um dia jurou “dar a vida pela pátria”.

“Obrigado, Forças Armadas e forças auxiliares, pela nossa segurança, pela nossa democracia e pela nossa liberdade”. Bolsonaro.

Bolsonaro agiu para defender interesses de carreiras da segurança ligadas à União na reforma previdenciária. Uma de suas maiores bases eleitorais faze pressão para evitar que sejam prejudicados pelas novas regras.

Nesta terça (2), policiais que cobram regras de transição mais suaves protestaram contra o presidente em Brasília. Um grupo marchou em direção ao Congresso enquanto gritava: “Acabou o amor, Bolsonaro traidor”.

Centrão se irrita

Após o discurso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse a líderes que chegou a pensar em desistir da reforma. Maia não só comanda a Câmara oficialmente, como lidera informalmente o chamado Centrão, um grupo de cerca de 200 deputados de PP, DEM, MDB, PL, PRB e SD que tem determinado o rumo das votações no Congresso.

O Centrão está à frente das movimentações para aprovar a reforma ainda neste mês na Câmara. O grupo primeiro reclamou do fato de o partido do presidente, o PSL, ter apresentado o maior número de emendas ao projeto de reforma igualando os benefícios dos policiais aos dos militares.

O ministro da Economia, Paulo Guedes intercedeu e o presidente pediu ao PSL para recuar. Agora, com o Palácio voltando atrás os outros partidos já começam a reclamar publicamente.

“Ora se nem o governo, que defende a reforma, está satisfeito com a forma final do texto e o texto vai mudar, não é razoável começar uma votação sem saber o que se está votando”. Líder da oposição, Alessandro Molon (PSB-RJ).

Ou seja, a oposição vai tentar atrasar a votação. E os partidos do Centrão agora cobrarão um sinal claro do governo para manter o ritmo.