19 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Brasil sem liderança asfixia seu povo e não apenas por falta de oxigênio

Aqui enterraram com os mortos da Covid o sentimento da compaixão e elevaram o deboche

Até agora: Quase 212 mil mortos de Covid no Brasil, um País se lideranças na tragédia. Foto: Sandro Pereira

Sinceramente, o Brasil não merece o que está vivendo. Um mangue turvo se alastrando com as raízes da incompetência, pinceladas pelo fanatismo da ignorância.

Nunca esteve tão em voga nos dias de hoje o velho clichê político: “É na crise que aparecem os verdadeiros líderes”. Lamentavelmente, no nosso caso, essa evidência vem à tona exatamente pela falta de líderes.

O País sofre, milhões agonizam em leitos hospitalares, quase 212 mil brasileiros já morreram, e segue como se fosse governado pela doença.

É o único País nesta pandemia que tem vivido tal atropelo. Uma pancada no corpo e na alma dos brasileiros que necessitam de apoio, saúde, conforto e autoestima.

Pelo menos apoio na dor e autoestima poderiam ter vindo de um comando, uma  liderança de plantão. Mas, não.

Aqui o sentimento piedoso em relação à tragédia dos brasileiros inexiste. Sobra, no entanto, o deboche

-E daí? – Eu não sou coveiro.

Triste dos coveiros que estão expostos ao mal, num rito cotidiano de alto risco, colocando em covas rasas milhares de corpos todos os dias. Triste das famílias que perderam seus entes queridos em meio a arrogância e a falta do devido cuidado.

-E daí?

Sabe aquele velho sentimento de compaixão, valor inerente ao humano com o mínimo de bom senso e respeito? Foi também enterrado pela ausência de liderança e pela ignorância negacionista que domina o Brasil desses tempos tristes.

É como se estivéssemos vivendo um culto à morte e ao mal.

Ora, não é de hoje que se sabe que os estoques de oxigênio estao acabando. Acabaram em Manaus e veio o colapso. Está no fim em Belém do Pará e a incerteza no futuro se alastra…

Mas, sabe o que é pior?

Tão logo foi comunicado de que os estoques de oxigênio estavam acabando, a “liderança” de plantão simplesmente aumentou os impostos do produto. Resultado: um cilindro grande de R$ 1 mil subiu para R$ 1,6 mil.

Foi a única atitude tomada. Fora isso, nas reuniões ministeriais, passou-se a discutir a vida sexual do governador São Paulo, outro pavão candidato a líder da Nação.

Só para ilustrar: Na reunião que deveria discutir a falta de oxigênio no Ministério da Saúde, Zoser Plata Bondim Hardman de Araújo, assessor do ministro, colocou na mesa a pauta João Dória e iniciou o debate: “Doria é o maior pau pequeno, um boiola”.

Enquanto isso, a morte se espalhava nas UTIs de Manaus.

Há no Brasil de agora um festival de sandices nas salas e corredores planaltinos. E mais que isso.

Há um dramático enredo de crimes de responsabilidade com roteiros nefastos de desequilibrio, irresponsabilidade e assumida falta de capacidade para lidar com gestão do Estado e das pessoas.

É a real asfixia de um povo  e não apenas por falta de oxigênio.