Com pouco mais de 36 mil moradores, Brumadinho, cidade do interior de Minas Gerais, virou foco dos noticiários nacionais após uma imensa tragédia. Com o rompimento de barragens na última sexta-feira (25), 110 pessoas morreram e 238 desaparecidas, de acordo com o último balanço. E ninguém espera que sejam encontrados sobreviventes, alguém que não acontece desde sábado (26).
A esperança que dominou as pessoas, nos primeiros dias de resgate, cedeu lugar à angústia e ao desânimo. É comum encontrar pessoas que afirmam que querem apenas dar um sepultamento digno para uma vítima ainda desaparecida. No desespero, há quem se aventure pela lama e na mata em busca do parente ou amigo desaparecido, o que é condenado pela Defesa Civil e pelos bombeiros.
Nas ruas, o único assunto desde o dia 25 é o desastre. Em meio à tristeza que predomina na cidade, surgem heróis invisíveis que estão em todos os lugares. Mulheres de várias idades se uniram e montaram uma lavanderia coletiva. Nela, lavam as roupas dos bombeiros que estão acampados no município para ajudar nas operações de resgate.
Vale, culpada
A Vale informou, há três dias, que a empresa vai acabar com dez barragens, como a que se rompeu em Brumadinho. As barragens serão descomissionadas. Todas localizadas em Minas Gerais. Segundo a empresa, descomissionar significa preparar a barragem para integrá-la à natureza.
Após colher depoimentos, crescem as suspeitas no Ministério Público Federal (MPF) de que a Vale e a empresa alemã que deveria auditar a estrutura da barragem de Brumadinho (MG) atuavam em conluio para omitir problemas na obra.
De acordo com os investigadores, há indícios de que a mineradora apresentou documentos incompletos e maquiados. Além disso, a Tüv Süd pode não ter cumprido todo o protocolo de verificação da segurança do empreendimento.
Segundo alguns relatos colhidos pelo MPF no último fim de semana deram conta de que, internamente, circulou na Vale a informação de que havia uma liquefação na barragem de Brumadinho.