7 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

Censura em andamento: Bolsonaro postou vídeo de professora criticando Olavo

“Professor tem que ensinar e não doutrinar”, escreveu o presidente

A liberdade de expressão e intelectual vai morrendo aos poucos no Brasil, principalmente nas escolas e faculdades. Defensor do projeto Escola Sem Partido, o presidente Jair Bolsonaro publicou neste domingo um vídeo de uma aluna que confronta uma professora de gramática.

A autoria do vídeo alegou que a educadora gastou 25 minutos da aula para falar sobre política, com críticas ao governo e ao ideólogo de direita Olavo de Carvalho. “Professor tem que ensinar e não doutrinar”, escreveu o presidente ao compartilhar o vídeo de um minuto e 54 segundos.

No vídeo, a aluna questiona a professora, que afirma que Olavo de Carvalho é uma anta porque “mete o pau em tudo”. Carvalho tem sido uma figura influente no governo, sendo ouvido em decisões da atual gestão.

Vale lembrar que Carvalho, guru do Presidente, não completou o fundamental, acha que a Terra é plana, que Einstein estava errado,que comunistas querem tomar o poder no Brasil e que todos os universitários e jornalistas do País são bêbados e drogados.

O ministro da Educação, Weintraub, apoiou a perseguição de Bolsonaro.

O ministro da Educação, o Olavista Abraham Weintraub, disse que filmar professores em sala de aula é um direito dos alunos e que ainda irá analisar o conteúdo dos vídeos compartilhados pelo presidente Jair Bolsonaro e por seu filho.

“Não incentivo ninguém a filmar uma conversa na rua, mas elas têm direito de filmar. Isso é liberdade individual de cada um. Vou olhar os casos com calma. Não faremos nada de supetão”. Abraham Weintraub, ministro do MEC.

Na semana passada, o presidente anunciou o projeto do novo mandatário do MEC, de investir menos em faculdades de humanas e mais nas que tem “investimento de curto prazo”, como engenharia e medicina.

A medida anunciada pelo presidente gerou polêmica e associações ligadas à filosofia e às ciências sociais, junto de outras entidades que representam setores da educação, divulgaram uma nota em que chamam de “ignorância inadmissível” a pessoas que ocupam cargos públicos as declarações dadas pelo presidente sobre duas áreas das ciências humanas.

Escola Sem Partido

A vigilância de alunos sobre professores é uma das principais bandeiras do projeto Escola Sem Partido, que propõe acabar com uma suposta “doutrinação” por parte de docentes. Na nova versão, apresentada em fevereiro pela deputada Bia Kicis (PSL-DF), prevê, expressamente, que os alunos podem gravar as aulas.

O novo projeto tem, em geral, medidas mais rigorosas para fiscalizar os professores do que as versões anteriores. Ele proíbe, por exemplo, que os grêmios estudantis promovam atividades político-partidárias e considera “ato de improbidade administrativa” o descumprimento de quaisquer dos pontos previstos pelo projeto.

Também prevê a criação pelo Poder Público de um “canal de denúncias” destinado a reclamações de estudantes em relação a professores. No entanto, o movimento Escola Sem Partido já foi contestado pela Advocacia-Geral da União (AGU), pelo Ministério Público Federal (MPF) e por associações de professores.