8 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Cid delatou que Bolsonaro quis esconder alvos da PF no Palácio da Alvorada

Antes de fugir para o Paraguai, Oswaldo Eustáquio fez um vídeo com Zé Trovão, hoje deputado federal, dizendo que Bolsonaro ‘resolveu’ situação de investigados por Moraes

Em sua longa delação premiada, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-auxiliar do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou que o então presidente quis esconder no Palácio da Alvorada alvos investigados pela Polícia Federal por ataques às instituições democráticas. Para que eles não fossem presos.

O bolsonarista Oswaldo Eustáquio seria um deles, mas este acabou fugindo para o Paraguai. Segundo Cid, Bolsonaro chegou a determinar que Eustáquio, alvo dos inquéritos conduzidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, ficasse escondido na sua residência oficial, para evitar que fosse preso.

Eustáquio chegou a ser recebido no Palácio da Alvorada por Bolsonaro. Um vídeo do jornalista entrando na residência oficial no dia 12 de dezembro circulou nas redes sociais, mas ele negou que a intenção fosse se refugiar lá por causa de uma eventual ordem de prisão.

Teria sido o próprio Cid, como ele fala em sua delação, quem dissuadiu Bolsonaro da ideia, sob o argumento de que isso poderia lhe acarretar problemas sérios perante o STF.

Aguirre Talento, do Uol, entrou em contato com a defesa de Bolsonaro que nega as acusações. Disseram ainda que o ex-presidente não tinha relação próxima com Eustáquio. Mas para Cid, no entanto, Bolsonaro também discutiu tomar a mesma iniciativa em relação ao youtuber Bismark Fugazza.

Oswaldo Eustáquio também negou que tenha solicitado ajuda a Bolsonaro para se refugiar no Palácio da Alvorada. Ele confirmou ter entrado lá em companhia do youtuber Bismark Fugazza, mas disse não saber se Fugazza teve algum diálogo sobre o tema.

Foragidos

Eustáquio e Fugazza foram alvos de ordens de prisão expedidas no fim de dezembro pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Eles fugiram para o Paraguai para tentar escapar das autoridades brasileiras. Fugazza foi preso pela polícia paraguaia, mas Eustáquio entrou com um pedido de refúgio e escapou da ordem de prisão.

Eustáquio tem participado de protestos que defendem intervenção militar, o que é inconstitucional. Eustáquio foi preso em junho de 2020, a pedido da Procuradoria-Geral da República, também por envolvimento com atos antidemocráticos que pediam o fechamento do Congresso e do Supremo.

A delação premiada de Mauro Cid foi assinada com a Polícia Federal e homologada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes no início de setembro. Cid estava preso desde maio, por suspeitas de fraudes em certificados de vacina, e foi solto após a homologação do acordo.

Oswaldo Eustáquio chegou a fazer um vídeo com Zé Trovão, hoje deputado federal, dizendo que Bolsonaro ‘resolveu’ situação de investigados por Moraes.