6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Novo Governo deve ser apoiado por apenas 3 dos 15 maiores partidos

Bolsonaro pode ter mínimo apoio entre deputados

A escolha de ministros e a articulação política adotada pelo presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), pode fazer com que próximo governo tenha uma coalizão instável no Congresso Nacional.

O próximo presidente pode ter, apalavrado, metade dos principais partido, mas na Câmara dos Deputados, a realidade implica que só 3 das 15 maiores siglas estão dispostas a integrar oficialmente a base governista.

Após não dar a marmita para Magno Malta, ele pode perder até mesmo o apoio da bancada evangélica.

Além do PSL, partido do próximo presidente, apenas DEM e PTB discutem uma adesão formal à base aliada do próximo governo. Só o DEM terá três ministros no governo Bolsonaro (Onyx Lorenzoni na Casa Civil, Tereza Cristina na Agricultura e Luiz Henrique Mandetta na Saúde). Juntas, as bancadas desses três partidos terão 91 integrantes na Câmara.

O presidente eleito passará dois dias e meio em Brasília esta semana. Às vésperas da viagem, ele enviou uma mensagem aos adversários para destacar que o momento é de paz e apelou para que “relaxem” e abandonem o “ódio sem necessidade”.

A expectativa esta semana para a definição dos nomes dos titulares para os ministérios do Meio Ambiente e o de Cidadania (direitos humanos, mulheres e minorias)

Negociações

Essa relação entre partidos e novo governo indica que Bolsonaro terá um núcleo enxuto de sustentação política, tendo também que depender também de siglas que têm simpatia por sua agenda, mas estão afastadas.

Para aprovar um projeto de lei, basta que a maioria dos deputados presentes seja favorável. Entretanto, mudanças na Constituição (como a reforma da Previdência) precisam de quorum qualificado de três quintos dos parlamentares, o equivalente a 308 votos.

Entre as 15 maiores legendas, 5 afirmam que estarão fora da base aliada, mas reconhecem afinidades entre suas bancadas e a pauta apresentada por Bolsonaro até agora. Líderes de MDB, PSD, PRB, PSDB e Podemos afirmam estar nesta categoria.

Esses partidos somam 138 deputados. Nas votações em que essas legendas também estiverem alinhadas aos interesses do Palácio do Planalto, portanto, a virtual base governista pode chegar a 229 votos. Caso não ocorram novas adesões ao núcleo governista, a base aliada formal de Bolsonaro terá um desenho inédito com seus 91 deputados.

Desde a redemocratização, presidentes recorreram à distribuição de cargos para construir coalizões que beiravam os 400 integrantes na Câmara. Fernando Collor formou uma base de 219 parlamentares. Fernando Henrique Cardoso buscou PSDB, PMDB, PFL e PTB e chegou a 397 no primeiro mandato. Michel Temer conseguiu 365.