30 de abril de 2024Informação, independência e credibilidade
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Considerado, as joias da vó embaixo da cama e a morte do maconheiro Allan

Indignada, Nildinha quer denunciar a turma do fumacê por maus tratos aos animais

Allan: a morte chega um dia após um “fumacê” no quintal

Considerado chega em casa e surpreende a avó, dona Nildinha, guardando uma caixa embaixo da cama. Ficou intrigado com a ação sorrateira da velha no quarto de dormir.

Tentou ficar na dele, considerando o ditado popular: “A curiosidade matou o gato”. Tentou, mas não tinha como ficar em silêncio diante da cena estranha, quase cerimoniosa, mas hilária aos seus olhos.

Por isso mesmo emendou: – O que é isso vó, guardando uma caixa que nunca vi embaixo da cama?

Nildinha se assustou: -Você está doido, chega de pontas de pés para me assustar?

Ele caiu na risada e ela disparou: – Fique longe do meu quarto, seu Considerado. Só entre quando autorizado.

Ela empurrou a caixa, escondendo-a, saiu e fechou a porta do quarto, num gesto determinado, como se dissesse: -Deixe em paz as minhas coisas…

Mas, o Considerado insistiu: – Mas o que é mesmo isso, minha vó, será que a senhora também está guardando caixa de joias debaixo da cama, tal como a “Micheque”?

Ela olhou para ele com ar severo e pediu respeito. “Não me compare com essa gente que faz pose de santa, mas que vive de enganar os trouxas”. -Disse-lhe.

-Mas, dona Nildinha, vendo a senhora escondendo uma caixa daquele jeito e naquele local é para desconfiar. -Pontuou o neto.

-Desconfiar de quê, você fumou maconha estragada com aquele povo lá da sua turma? Foi a reação de Nildinha.

Foi nessa hora que o rapaz lembrou do pobre Allan, que morreu recentemente e há gente escondendo a causa da morte. Morreu no quintal do Gabiru, o dono bar que frequenta. Há quem diga que foi de velhice. Mas, há os que insistem que foi exatamente “maconha estragada”.

-Não vó, não fumo, mas conheço alguém que fumou e morreu.

-Meu Deus, quem foi esse Considerado?

-O Allan.

-Não sei quem é Allan. Fiquei preocupada pensando aqui no meu lindinho Zé Fumacê.

-Lindinho vó? Pelo amor de Deus…

-Eu acho sim. Foi o meu grande amor. Mas quem é esse Allan?

-O ganso, mascote do Gabi.

-Ganso? Que história maluca é essa?

-Dizem as más línguas que o Allan foi uma vítima do seu “lindinho” Zé Fumacê, do Falso Turco, do Alex Bombinha e do Cobra Coral.

-Meu Deus, que gente é essa, como foi isso mesmo menino?

-Essa turma costuma ir no bar e, geralmente, no fim de tarde vai ao quintal para uma sessão de queimar a erva e tragar.

-Queimar erva? Será que só queimam isso mesmo?

-Menos vó. Preste atenção na história, por favor.

-Então conte logo.

-Eles fumavam a maconha e em todas às vezes o Allan se aproximava e ficava na roda deles. Com isso se viciou no fumaceiro. Cada vez que jogavam a bituca fora o Allan pegava…

-Meu filho, o Allan é um ganso mesmo, aquela ave bonita?

Era sim vó, um ganso da família do pato. Ele amanheceu morto num domingo, após mais uma sessão de fumacê no sábado.

-Minha nossa. Isso é um caso típico de maus tratos aos animais. Tem que ser denunciado.

-Que nada, vó. Lá todo mundo sabe que o ganso era um velho maconheiro mesmo.