Segundo boletim do Consórcio Nordeste de 12 de março de 2021, em fevereiro deste ano a epidemia se intensificou com aumento claro no número médio de casos diários e internações. E o Estado segue numa região de alto risco epidêmico, indicando medidas insuficientes de distanciamento social em Alagoas.
Entre 5 de fevereiro e 5 de março, o número de leitos de UTI ocupados apresentou um crescimento mensal acima de 100%, indicando uma gravíssima situação de aumento de internações e risco iminente de saturação de leitos nas próximas semanas e importantes hospitais da rede privada já anunciaram esgotamento de leitos e restrição de atendimento médico.
Para piorar, constatou-se uma predominância no Estado de 42,6% de variantes preocupantes do Sars-Cov-2 (P.1, identificada inicialmente no Amazonas, B.1.1.7, no Reino Unido e B.1.351, na África do Sul) em amostras positivas. Isto indica que em breve estas novas variantes serão majoritárias e aumentarão ainda mais o número de casos e internações em Alagoas.
Medidas
Nos últimos três meses, a pandemia da Covid-19 no Brasil tem sido caracterizada por uma segunda onda mais intensa que a primeira, como ocorreu em muitos outros países.
Há um consenso entre os epidemiologistas de que aqui este fenômeno resulta principalmente de dois fatores, o relaxamento geral do isolamento social, notadamente no período eleitoral, nas festas de final de ano, e no Carnaval, e também a prevalência de novas variantes do vírus SARS-CoV-2 mais transmissíveis.
Como a doença continua se expandindo em todo o País, uma questão importante no momento é quando e com qual intensidade a segunda onda atingirá o pico e certos estudos projetam uma taxa média de cerca de 3000 óbitos diários por Covid-19 até o dia 30 de março.
Mesmo que este número esteja inflacionado, o País já tem hoje mais de 2000 óbitos diários, o que é muito elevado e não imaginável há algumas semanas. Pior, sabe-se que muitas vidas poderiam ter sido salvas se houvesse maior isolamento social e maior rapidez de vacinação.
Diante do quadro atual, e cumprindo a missão recebida do Consórcio Nordeste de utilizar o conhecimento científico para orientar os governantes do Nordeste, mais uma vez o C4 renova as recomendações para conter o surto da epidemia da Covid-19, quais sejam:
- Em cidades nas quais a taxa de ocupação de UTIs ultrapasse 80% e as curvas de casos e óbitos sejam crescentes (com R(t) acima de 1), é imprescindível instituir o isolamento social rígido, também conhecido como “lockdown”, por pelo menos 14 dias para reduzir de forma drástica o número de novos casos e para evitar o colapso hospitalar.
- Intensificar campanhas de esclarecimento da população, mostrando a necessidade do uso de máscaras em quaisquer ambientes em que haja aglomeração, distanciamento de 1,5 a 2 m entre as pessoas, higienização e uso de álcool em gel, etc. Estas campanhas são necessárias uma vez que o Presidente da República continua pregando o relaxamento geral e dando mal exemplo.
- Volta às aulas presenciais, mesmo em menor escala, só deve ocorrer com planejamento que obedeça todas as normas de segurança sanitária e precedida da vacinação de educadores e demais funcionários das escolas. E as aulas presenciais devem ser imediatamente suspensas nas escolas onde houver novos casos da Covid-19.
- Promover articulações com associações comerciais e empresariais para definir escalonamento dos horários de atividades, de modo a reduzir a pressão de passageiros no transporte público. Além disso, é essencial que os governos estaduais e municipais fiscalizem os terminais de transporte público de maior movimento, com policiamento ostensivo, para proibir a lotação dos veículos e obrigar o uso de máscaras por passageiros e funcionários das empresas de transporte.
- Fiscalizar o comércio em feiras ao ar livre e lojas de ruas, impondo limitação de pessoas nas lojas, obrigatoriedade do uso de máscaras e uso de álcool em gel.
- Serviços médicos, odontológicos e veterinários com agendamento de um paciente por vez.
- Serviços de escritórios de advocacia, contabilidade e outros, com agendamento de um cliente por vez.
- Lojas e shopping só poderão operar com limitação de pessoas nas lojas, obrigatoriedade do uso de máscaras, uso de álcool em gel, e ampliação dos horários de atendimento, ou mesmo fechamento nos finais de semana quando tendem a ter maior aglomeração.
- Eventos esportivos em estádios abertos, sem a presença de torcedores. Nos municípios com maior incidência de casos, as partidas devem ser proibidas e adiadas até que o cenário esteja mais favorável.
- Fechamento de academias de ginástica, ou limitação do número clientes, dependendo da situação local.
- Museus, cinemas e teatros, se autorizados a abrir, devem ter assistência reduzida e obrigatoriedade do uso de máscaras.
- Cultos em templos religiosos proibidos, ou com assistência reduzida e obrigatoriedade do uso de máscaras.