3 de julho de 2024Informação, independência e credibilidade
Política

CPI toma depoimento de militar apontado como elo entre Davati e Ministério da Saúde

Helcio Bruno de Almeida é tenente-coronel da reserva, presidente do Instituto Força Brasil, que intermediou a compra de 400 milhões de doses superfaturadas

A CPI ouve nesta terça-feira Helcio Bruno de Almeida. O tenente-coronel da reserva é presidente do Instituto Força Brasil. O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Representantes da empresa Davati no Brasil disseram que Helcio Bruno intermediou um encontro entre eles e o então secretário-executivo do Ministério da Saúde, coronel Elcio Franco. Na ocasião, discutiu-se a compra de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca.

Em entrevista antes do início do depoimento de hoje, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) disse aos jornalistas que o tenente-coronel Helcio Bruno de Almeira é peça-chave para a CPI esclarecer como o representante comercial Luiz Paulo Dominguetti e o reverendo Amilton Gomes tiveram acesso ao Ministério da Saúde.

O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou antes do início do depoimento de hoje que o coronel da reserva Helcio Bruno de Almeida, tem muito a esclarecer sobre fake news produzidas pela ONG Instituto Força Brasil, presidida por ele.

Para Renan, a insistência de governistas para que a CPI investigue governadores é uma tentativa de tirar o foco das apurações sobre o governo federal.

A ONG Instituto Força Brasil, representada pelo depoente desta terça, também já estava sob análise na CPMI das Fake News e em inquérito sobre fake news, informa Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Em declarações recentes, o senador classificou o Instituto como “negacionista e bolsonarista” e disse que o Força Brasil divulgava notícias falsas contra integrantes da CPI.

O presidente da CPI, senador Omar Aziz, lembrou que o vendedor da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, revelou à CPI que o tenente-coronel Helcio Bruno de Almeida, presidente do Instituto Força Brasil, era quem intermediava o contato da empresa com o Ministério da Saúde.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que o tenente-coronel Helcio Bruno tem de esclarecer sua participação em negociações para a venda da vacina AstraZeneca ao governo. O parlamentar também falou da expectativa para o depoimento do deputado Ricardo Barros (PP-PR), marcado para esta quinta-feira (10): “Ele tem que explicar por que foi tão citado na compra de vacinas e outros insumos pelo Ministério da Saúde”.

Democracia

O presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM) abriu a reunião de hoje lendo uma nota oficial em que condena o desfile de blindados realizado na Esplanada dos Ministérios. O parlamentar disse que o Brasil passa por um momento grave e o presidente comandou uma lamentável ação para intimidar parlamentares e opositores. Conforme a nota, Jair Bolsonaro tentou demonstrar força, mas evidenciou a fraqueza de um presidente acuado e acusado de corrupção.

“As forças jamais podem ser usadas para intimidar a população e adversário políticos legitimamente constituídos. Não há previsão constitucional para isso — afirmou Omar Aziz, que disse ainda que a democracia é inegociável”. Omar Aziz.