Imagine você sentar para tomar uma com os amigos e ser tratado como um criminoso ao ligar o som e botar aquele “bregão” de cachaceiro para tocar.
Absurdo? Sim, mas já estamos a caminho disso, no que depender do deputado federal Charlles Evangelista (PSL-MG).
É dele o projeto de lei que pretende criminalizar “qualquer estilo musical que contenha expressões pejorativas ou ofensivas”.
Quem lê a descrição do projeto, sem prestar atenção nas entrelinhas, acha até legal a iniciativa, que diz querer combater letras que incentivem “o uso e o tráfico de drogas e armas; a prática de pornografia, a pedofilia ou estupro; ofensas à imagem da mulher; e o ódio à polícia”.
A justificativa seria “garantir a saúde mental das famílias e principalmente das crianças e adolescentes”.
Mas, não se enganem. Apologia a crime é proibida por lei. Este projeto faz parte de uma cruzada moralista que pretende instituir a censura no país.
Serei redundante, mas isso é coisa de conservador inútil, supremacista e preconceituoso.
Vejam o caso do samba, por exemplo, que já foi criminalizado no início do século 20.
Uma reportagem da BBC Brasil lembra o caso do sambista João da Baiana, que tinha problemas com a polícia só por andar com seu pandeiro pelas ruas do Rio de Janeiro. “No início do século 20, ele foi preso várias vezes com o instrumento musical na mão. Na época, sambista era sinônimo de criminoso”.
Não se livra o país do lixo musical atual por força de lei. Muito menos com a política de destruição da cultura e marginalização de artistas imposta pelo laranjal. Fica a dica.