6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Criminoso é quem tenta criminalizar o gosto musical alheio

Imagine você sentar para tomar uma com os amigos e ser tratado como um criminoso ao ligar o som e botar aquele “bregão” de cachaceiro para tocar.

Absurdo? Sim, mas já estamos a caminho disso, no que depender do deputado federal Charlles Evangelista (PSL-MG).

É dele o projeto de lei que pretende criminalizar “qualquer estilo musical que contenha expressões pejorativas ou ofensivas”.

Quem lê a descrição do projeto, sem prestar atenção nas entrelinhas, acha até legal a iniciativa, que diz querer combater letras que incentivem “o uso e o tráfico de drogas e armas; a prática de pornografia, a pedofilia ou estupro; ofensas à imagem da mulher; e o ódio à polícia”.

A justificativa seria “garantir a saúde mental das famílias e principalmente das crianças e adolescentes”.

Mas, não se enganem. Apologia a crime é proibida por lei. Este projeto faz parte de uma cruzada moralista que pretende instituir a censura no país.

Serei redundante, mas isso é coisa de conservador inútil, supremacista e preconceituoso.

Vejam o caso do samba, por exemplo, que já foi criminalizado no início do século 20.

Uma reportagem da BBC Brasil lembra o caso do sambista João da Baiana, que tinha problemas com a polícia só por andar com seu pandeiro pelas ruas do Rio de Janeiro. “No início do século 20, ele foi preso várias vezes com o instrumento musical na mão. Na época, sambista era sinônimo de criminoso”.

Não se livra o país do lixo musical atual por força de lei. Muito menos com a política de destruição da cultura e marginalização de artistas imposta pelo laranjal. Fica a dica.