8 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Delação: Cid afirma que Bolsonaro consultou militares sobre plano de golpe

Comandante da Marinha aceitou convocar novas eleições e prender candidatos, mas Exército não topou

Mauro Cid ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro fez uma série de depoimentos, que compõem sua delação premiada à Polícia Federal, e em pelo menos um deles acusou o ex-presidente de ter consultado militares sobre um plano de golpe.

Segundo seu relato, isso teria acontecido logo após a derrota no segundo turno da eleição. A minuta golpista foi recebida em mãos pelo presidente diretamente por seu assessor Filipe Martins. Na minuta, não só um decreto para convocar novas eleições, como também a prisão de adversários.

Um dos seguidores do ideólogo Olavo de Carvalho (1947-2022), Filipe Martins ocupou a função de assessor especial da Presidência para assuntos internacionais durante a gestão de Jair Bolsonaro.

Bolsonaro teria submetido o teor do documento em conversa com militares de alta patente. Ainda segundo Cid, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, manifestou-se favoravelmente ao plano golpista durante as conversas de bastidores. Não houve adesão do Alto Comando das Forças Armadas.

Cid contou aos investigadores que testemunhou tanto a reunião em que Martins teria entregue o documento a Bolsonaro quanto a do então presidente com militares.

O ex-presidente Bolsonaro ao lado de seu vice na chapa das eleições, General Braga Netto, e do comandante da Marinha, Almir Garnier

Delação

A Polícia Federal tomou interesse por essa delação premiada sobre as tratativas golpistas por causa dos detalhes inéditos. A delação foi conduzido pelo advogado Cezar Bitencourt e homologado no último dia 9 pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.

Cid estava preso desde maio após uma operação da PF que tinha como objeto a falsificação de cartões de vacinação, deixou a prisão após a homologação do acordo.

Além de contar aos investigadores sobre os planos golpistas, o tenente-coronel apresentou informações sobre outros temas, como o esquema de venda de joias, as fraudes em certificados de vacina e as suspeitas de desvios de recursos públicos do Palácio do Planalto.

Os acusados ainda não se pronunciaram.