– Pau que dá em Chico, dá em Francisco.
Quem disse foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB) depois que o senador Renan Calheiros, presidente do Senado, ameaçou engavetar o projeto da tercerização aprovado na quarta-feira, 22, pelos deputados federais.
Eis aí, portanto, uma boa briga de dois caciques de um mesmo partido, ambos poderosos e que costumam valorizar a própria vaidade. Claro que a colocação é apenas um detalhe. O pano de fundo da questão é mesmo político. A terceirização atenta contra interesses específicos das classes trabalhadoras e, neste caso, o presidente do Senado não quer briga.
Por discordar da terceirização, o senador quer analisar a matéria com “maturidade”. Isso dito de viva voz remete a uma provocação aos deputados. Teriam eles cometido uma pixotada?
Se é assim tocou nos calos do vaidosíssimo Eduardo Cunha. O troco seria impedir a validação dos beneficios tributários que o Senado aprovou e depende agora da validação da Câmara. Essa matéria beneficia diretamente Estados que querem atrair investidores, como é o caso de Alagoas.
Para piorar a conversa, a Presidente Dilma Rousseff, ainda meio perdida em sua articulação política, convida Eduardo Cunha para um jantar a sós. Epa!
Isso pode virar samba no Planalto.
Óbvio que o convite não agradou a Renan Calheiros. Se Dilma for tentar apaziguar os ânimos dos aliados está tudo muito bem. Agora se for apenas se aproveitar do momento para mover pedras no tabuleiro do Legislativo, é bem possível que tenhamos aí uma nova edição do samba do crioulo doido.
Mas, se o jantar for à luz de velas… Deixa pra lá.