4 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
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Eles rezam muito, mas gostam de matar os negros

O argumento mais comum é que de houve confronto, a cada negro que tomba.

Alagoas lidera a morte de jovens negros no País

Liberem as armas que o Brasil vai melhorar. Coloquem as armas nas mãos de quem reza muito por que esses gostam mesmo é de matar.

De preferência negros.

E como se mata negros nesta terra em nossos tempos. O complexo do pelourinho não larga o pé da nossa gente, principalmente dos homens da lei  e autoridades que rezam, rezam, mas disparam mais que rapidamente quando encontram um jovem de cor pela frente e nas periferias de nossas cidades.

Quase não importa para toda gente. Vale, na maioria das vezes, o culto: Bandido bom é bandido morto.

Entenda-se bandido como um negrinho de cabelo crespo, com ou sem um cigarro de cannabis no bolso. Não importa.

De algum lugar ou de uma janela qualquer alguém ouve estampidos no ar. Quando tudo acaba está lá o corpo estendido no chão e o argumento implacável: morreu no confronto.

E aí vem o Atlas da Violência e diz que o País registrou em 2017 um recorde de assassinatos de jovens negros: 31,6 homicídios por 100 habitantes, no total de mais de 65 mil pessoas assassinadas.

À essa altura, muita gente, se pudesse, rasgaria esse Atlas, pegaria os pesquisadores que compilaram os dados do Ministério da Saúde e os faria engolir todas as anotações. Ah, muita gente branca.

Não adianta. O recorte é racial mesmo. E lamentavelmente Alagoas é um dos Estados que mais se mata jovens negros no País.

Segundo o Atlas, a taxa de homicídios de negros alagoanos é maior 18,3 vezes a de não negros. Isso não é ficção é estatística real e preocupante. Lamentavelmente, ainda pode piorar com a disposição dos matadores e os índices de letalidade que carregam contra os jovens de cor – “os bandidos”.

Mas, se piorar, ninguém se espante. Historicamente, Alagoas foi um dos últimos estados da federação a aceitar a abolição dos escravos, mesmo depois da Lei Áurea.

Aqui, a ojeriza aos negros é cultural. E agora mais que isso: é mortal mesmo.