8 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Esportes

Fifa investiga cantos racistas de jogadores argentinos em incidente que se tornou internacional

Insultos contra atletas da França ocorreram após Copa América

A FIFA está examinando um vídeo que circula nas redes sociais, no qual membros da seleção argentina entoam cânticos sobre jogadores franceses de maneira que a Federação Francesa de Futebol (FFF) classificou como “racista e discriminatória”.

Na segunda-feira (15), a FFF anunciou que apresentará uma queixa ao órgão regulador do futebol mundial sobre o vídeo, que contém referências à ascendência africana do atacante francês Kylian Mbappé. A gravação foi publicada pelo atacante argentino Enzo Fernández no Instagram, durante as comemorações da equipe após a vitória por 1 a 0 sobre a Colômbia na final da Copa América.

“A FIFA está ciente de um vídeo circulando nas redes sociais e o incidente está sendo investigado”, afirmou um porta-voz da entidade em comunicado. “A FIFA condena veementemente qualquer forma de discriminação por parte de qualquer pessoa, incluindo jogadores, torcedores e dirigentes.”

Posteriormente, Fernández se desculpou nas redes sociais, mencionando que estava “tomado pela euforia das comemorações”. “A música incluía linguagem altamente ofensiva e não há absolutamente nenhuma desculpa para essas palavras”, escreveu ele.

O companheiro de equipe de Fernández no Chelsea, Wesley Fofana, caracterizou o vídeo como “racismo desinibido”. No entanto, a vice-presidente da Argentina, Victoria Villarruel, defendeu Fernández e o time, afirmando que não toleraria as ações de um país “colonialista”.

“Nenhum país colonialista vai nos intimidar por causa de uma música no campo ou por dizer verdades que eles não querem admitir”, postou Villarruel em sua conta no X. “A Argentina é um país soberano e livre. Nunca tivemos colônias ou cidadãos de segunda classe. Nunca impusemos nosso modo de vida a ninguém. Mas também não vamos tolerar que façam isso conosco… Enzo, eu o apoio, [Lionel] Messi, obrigado por tudo! Os argentinos sempre mantêm sua cabeça erguida.”

Na quarta-feira (17), o gabinete do presidente da Argentina, Javier Milei, anunciou que o subsecretário de Esportes do país, Julio Garro, foi removido do cargo por sugerir que o capitão argentino, Messi, pedisse desculpas pelos cânticos.

“O gabinete do presidente informa que nenhum governo pode ditar o que comentar, pensar ou fazer à seleção argentina, campeã mundial e bicampeã da América, ou a qualquer outro cidadão”, afirmou o gabinete presidencial em publicação no X. “Por essa razão, Julio Garro deixa de ser subsecretário de Esportes da nação.”

O clube de Fernández, Chelsea, declarou em comunicado que todas as formas de comportamento discriminatório são completamente inaceitáveis.

“Temos orgulho de ser um clube diversificado e inclusivo, onde pessoas de todas as culturas, comunidades e identidades se sentem bem-vindas”, declarou o clube da Premier League inglesa.

Mbappé e outros jogadores de ascendência africana da seleção francesa sofreram abuso racial nas redes sociais após perderem para a Argentina na final da Copa do Mundo de 2022, o que levou um ministro sênior do gabinete francês a solicitar que a FIFA investigasse o caso.