8 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Cotidiano

Greve dos caminhoneiros gera crise de abastecimento nacional

Petrobrás reduziu o diesel, mas questão vai além dos 25 centavos; Alguns Estados já apontam falta de combustíveis e estoque nos mercados

Já são três dias de paralisação de caminhoneiros, e efeitos como linhas de ônibus suspensas no Rio de Janeiro, falta de querosene em aeroportos, combustíveis nos postos e caos no transporte público são sentidos em vários Estados brasileiros neste período.

Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Carlos Marun (Secretaria de Governo) e Valter Casimiro (Transportes) disseram que os efeitos não são graves, mas o próprio presidente Michel Temer pediu, sem sucesso, trégua de três dias aos caminhoneiros para encontrar uma solução.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, anunciou que redução de 10% no preço do óleo diesel, por um período de duas semanas. Mas na negociação, os caminhoneiros não protestam apenas pelos 25 centavos.

E em uma guerra eleitoral (afinal, depois da Copa do Mundo, quando tudo isso será esquecido, teremos Eleições), o pré-candidato à presidência pelo DEM e presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) defende reduzir a alíquota de outro imposto, o PIS/Cofins, para tentar baixar o preço do diesel na bomba.

Líderes candidatos

Uma das principais entidades envolvidas na greve é a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA), que no dia 16 de maio apresentou ofício pedindo congelamento do diesel, apesar de seu início ter sido espontâneo e crescido como uma bola de neve em grupos de Whatsapp.

O que se iniciou entre os autônomos, partiu para os contratados de empresas, que trouxeram junto associações, essa com os dito representantes, curiosamente pré-candidatos e com interesse em fazer deste ato um palanque.

O resultado disso são 253 pontos de protestos em todo país, atingindo 23 Estados brasileiros e o Distrito Federal. Não há data prevista para o fim do movimento.

Desabastecimento

Faltam combustíveis em postos de gasolina na Baixada Santista, no litoral paulista, e em cidades do interior de São Paulo como São José dos Campos, Taubaté e Jacareí. Em Recife (PE) e no Rio de Janeiro (RJ) também houve desabastecimento. Diante disso, estes estados já reduziram a frota de ônibus coletivos.

O aeroporto de Brasília não realiza mais abastecimentos nesta quinta e seguem o mesmo caminho os de Congonhas (SP), Recife (PE), Palmas (TO), Aracaju (SE) e até mesmo o Zumbi dos Palmares, em Maceió.

Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), as lojas de alguns Estados do país já começam a sofrer com o desabastecimento de alimentos, especialmente de produtos menos duráveis como frutas, verduras e legumes.

Só com frigoríficos, estima-se que os prejuízos já superam os R$ 200 milhões com as exportações de carne suína e de frango, que deixaram de ser feitas.

E apoiando a paralização, seguem os Correios, que informaram suspenção de entregas rápidas pelo Sedex e o Sindicato dos Estivadores do Porto de Santos anunciou paralisação em solidariedade aos caminhoneiros. Até mesmo a produção de automóveis foi paralisada, pois não mais saem das fábricas.

Não há opções

Como o Brasil é Brasil, não há alternativas para este problema. Hoje, 90% dos passageiros e 60% da carga que se deslocam pelo país são movimentados em rodovias. Não há linhas de trens suficientes (apenas 29 mil quilometros, ou 10 vezes menos que os EUA).

Neste meio tempo, é reconhecer que os caminhoneiros vem sim parando o Brasil. Aos poucos, o abastecimento de diversos setores será um problema maior e a solução vai muito além dos 25 centavos. E, desta vez, não há panelas no protesto para que algo mais extremo aconteça para solucionar logo isso.