6 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Grupos políticos envolvidos na greve: Governo pressiona PF por prisões

ABCam afirma que terceiros querem derrubar o governo; Caminhoneiros usam WhatsApp para defender queda da gasolina, de Temer e da democracia

O governo Michel Temer pressiona a Polícia Federal a acelerar investigações e prender suspeitos de dar suporte ilegal ao movimento, pois não consegue de outra forma acabar com a greve dos caminhoneiros.

Essa pressão em cima da PF não é comum e o Governo parece esquecer que os inquéritos são sigilosos e esão em fase inicial, apesar do tom emergencial, e se dá em meio a diversas tentativas frustradas de interromper a paralisação.

O próprio diretor-geral da polícia, Rogério Galloro, em reunião no Palácio do Planalto, chegou a ter de “desenhar” como as prisões ocorrem no Brasil.

À cúpula do governo, Galloro esclareceu que isso só pode acontecer em casos de flagrante ou com ordem judicial. Carlos Marun (Secretaria de Governo) e Eliseu Padilha (Casa Civil) são os maiores entusiastas das prisões – justo eles que há tanto evitam a deles mesmos no STF.

A pressão começou na sexta (25), após o governo constatar que o acordo anunciado na noite anterior com representantes da greve não teve sucesso. Já o Palácio do Planalto nega a pressão sobre a PF e afirma que a investigação ocorre em ritmo normal.

Grupos políticos envolvidos

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (ABCam), José da Fonseca Lopes, afirmou que cerca de 250 mil caminhões são mantidos em pontos de paralisação em diversas regiões do país, como Bahia, Pernambuco e São Paulo. Esse número representa cerca de 30% do total que ficou parado ao longo do últimos dias da greve. Segundo ele, está havendo uso político do movimento para derrubar o governo de Michel Temer.

“Vou fazer uma denúncia bastante séria: não é o caminhoneiro mais que está fazendo greve. Tem um grupo muito forte de intervencionistas nisso aí, eu vi isso agora em Brasília na parte da manhã. Eles estão prendendo caminhão em tudo quanto é lugar. São pessoas que querem derrubar o governo. Eu não tenho nada a ver com essas pessoas e nem nossos caminhoneiros autônomos têm, mas eles estão sendo usados para isso”, afirmou, durante coletiva de imprensa, em Brasília.

De acordo com o presidente de ABCam, intervencionistas seriam grupos políticos defensores da intervenção militar no país. Ele pediu apoio do governo federal para desmobilizar esses bloqueios remanescentes.

Whatsapp dos caminhoneiros

Após a publicação de três medidas provisórias para atender os caminhoneiros, a paralisação deu sinais de enfraquecimento, mas nos 557 pontos de bloqueio restantes (antes eram 1200), estão grevistas mais inflamados. Em grupos de caminhoneiros no WhatsApp, o discurso se tornou ainda mais radical após o anúncio de Temer.

Nesses grupos, o movimento deixou de ser pelos 46 centavos do diesel e ganhou novos contornos: agora, caminhoneiros pedem redução dos preços da gasolina, do gás de cozinha, a renúncia do presidente Michel Temer e até intervenção militar. “Não tem acordo com bandido. Queremos intervenção militar. Não é só pelo diesel. É por tudo”