Como esperado, a participação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma audiência pública da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados na manhã desta quarta-feira (22) foi marcada por um bate-boca entre o ministro e alguns parlamentares da oposição.
O ministro, no entanto, calibrou suas respostas deixando alguns dos questionadores incomodados com o tom. O ministro da Fazenda pareceu até mesmo incorporado o Modus operandi de Flávio Dino, que enquanto ministro da Justiça, também deu respostas atravessadas no Congresso – hoje ele é ministro do STF.
O objetivo dos deputados era discutir com Haddad a política econômica do país. No entanto, a discussão extrapolou a pauta da economia e envolveu questões como música, livros, cultura, vacinação, negocionismo, terraplanismo e até mesmo a paternidade da dívida do governo.
Veja alguns dos momentos:
“Essa é a pratica do bolsonarismo: não ouvir. Não querer saber. E só na desinformação. Me chama de negacionista? Defendi a vacina o tempo todo [durante a pandemia da Covid], a Terra é redonda o tempo…”
“O deputado Abilio me acusa de gostar de livro, filme e música. Deputado, eu gosto da cultura. Eu sei que o bolsonarismo tem dificuldade com as artes. Vocês não gostam, mas vocês vão ter que aprender a respeitar um dos maiores patrimônios do país. Deputado, isso não é problema seu. Não vai no show da Madonna. O senhor tem que aprender que a diversidade cultural é parte da cultura. O senhor gosta de monocultura, que é só o que o senhor gosta. Nem todo mundo gosta de ter o mesmo gosto do senhor”.
“Só teve dois presidentes que deram calote desde a redemocratização, o Collor e o Bolsonaro […] Aí vem o presidente e paga o calote, e ‘ah, olha o déficit que o presidente Lula fez’. Esse déficit não é nosso, o filho é teu, tem que assumir, tem paternidade aqui. Faz o exame de DNA que você vai saber quem que deu calote.”
“O senhor vai criticar publicamente os governadores que o senhor apoia? Não. Não fará isso. Pega o microfone e fala mal do Tarcísio. Vamos lá. Coragem, deputado”
A possível retomada do imposto de importação sobre encomendas do exterior de até US$ 50 foi um dos pontos de tensão entre Haddad e o deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP).
Em tempo: a taxação de compras internacionais online de até US$ 50, projeto de um deputado federal do PL, não integra as medidas do governo para compensar a desoneração da folha de pagamento, afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Segundo Haddad, a medida não arrecadaria o suficiente para compensar o impacto do benefício para 17 setores da economia, estimado em R$ 7,2 bilhões em 2024.
