28 de março de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Índia propôs quebrar patentes de vacinas, Bolsonaro rejeitou e agora o Brasil não tem estoque

Presidente foi o único de um país em desenvolvimento que rejeitou

Avião da Azul no hangar nunca recebeu autorização da ìndia para receber as duas milhões de doses

O governo de Jair Bolsonaro recuou nesta semana em sua postura diplomática e agora apoia na OMC a proposta para que fosse permitido aos países suspender patentes e outros instrumentos de propriedade intelectual vinculados ao combate à pandemia de covid-19.

E o motivo é simples: a proposta, de outubro do ano passado, foi feita pela Índia, exatamente o país que vem dificultando a entrega de novas vacinas para o Brasil. Ou seja: Bolsonaro inventou de seguir Donald Trump, mesmo presidindo um país em desenvolvimento, e hoje precisa implorar por mais vacinas.

O Brasil tem não só sofrido muita pressão internacional por ter ficado ao lado de países desenvolvidos nessa questão, como também não se pode ignorar a tentativa desesperada de comprar o modesto volume de dois milhões de vacinas indianas o mais rápido possível

Nesta terça-feira, uma nova tentativa de consenso fracassou sobre a proposta da Índia e da África do Sul na OMC. E chamou atenção o silêncio ensurdecedor do Brasil. É que o governo considerou melhor ser agora mais cauteloso.

Primeiro, entende que a proposta indiana na OMC não tem mesmo consenso e tende a ser engavetada. Ao mesmo tempo, o governo Bolsonaro se deu conta de que precisa dos insumos da China, mas tem interlocução fragilizada com Pequim.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, não cessou de atacar os chineses. Agora, o ainda presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, tem mais contatos com representantes de Pequim que o chanceler, segundo fonte.

2022

Após a autorização da Anvisa no domingo (17), o Brasil já tem vacinas contra a covid-19. Mas a atual quantidade é pouca. No momento, não existem datas marcadas para as fases do plano de imunização e muito menos doses suficientes dos imunizantes para atender toda a população.

“O Ministério da Saúde estima que, no período de 12 meses, posterior à fase inicial, concluirá a vacinação da população em geral, o que dependerá, concomitantemente, do quantitativo de imunobiológico disponibilizado para uso”. Ministério da Saúde em nota.

Ministério da Saúde prevê para este ano 210 milhões de doses da vacina de Oxford e outros 100 milhões da CoronaVac. Como são necessárias duas doses por pessoa, a soma dessas quantidades não atenderia toda a população, de cerca de 212 milhões de brasileiros.

A fase 1, que começou nesta semana, tem, a princípio, previsão de duração de cinco semanas. Mas, com a quantidade de doses disponíveis no Brasil, é difícil saber se esse prazo será cumprido. Ao todo, o país possui 6 milhões de doses de vacina contra covid-19. Mas são necessários 31,1 milhões para cumprir o planejamento.