27 de julho de 2024Informação, independência e credibilidade
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Investigação de credores das Gazetas confirma: Globo tem razão

O ex-senador Fernando Collor | Divulgação

Besta, Collor não é. Está fazendo uma limonada com o limão que a Globo pode dar à TV Gazeta caso consiga romper o contrato de retransmissão com a emissora alagoana. Prevalecendo a narrativa de que, se a Globo sai, a empresa decreta falência e ninguém recebe o que tem direito, os trabalhadores que sofrem há anos sem receber os direitos trabalhistas serão os maiores prejudicados.

Isso porque esse discurso, repetido ingenuamente pela mídia nacional, faz parecer que a empresa não tem patrimônio e nem dinheiro para quitar seus débitos, o que não é bem assim. O argumento para buscar na justiça a renovação do contrato com a Platinada, segundo reportagem do UOL, é de que o contrato é essencial para a manutenção da Organização Arnon de Mello (OAM). A parceria com a Globo representaria 72% do faturamento do grupo.

Descobertas feitas por investigação independente realizada por um grupo de credores revela que a alegação de pindaíba é puro vitimismo e mimimi. Veja bem: nos documentos do processo de Recuperação Judicial consta que, até julho de 2019, a Gazeta emprestou ao sócio majoritário, Fernando Collor, a bagatela de R$ 125 milhões disfarçados de contratos de mútuos.

Durante a RJ, mensalmente, elle recebia repasses entre R$ 100 mil e R$ 500 mil, enquanto o escritório Lindoso, administrador judicial da OAM, fazia a Kátia Cega. Com isso, Collor embolsou R$ 6 milhões de forma ilegal. O dinheiro retirado pelo ex-presidente daria para pagar seis vezes todo o débito trabalhista.

A Kátia Cega | Divulgação

O ex-senador se defendeu dizendo que parte da dívida foi quitada por ele doando imóveis pessoais para a Gazeta, como uma casa na Barra de São Miguel; três salas comerciais no edifício Norcon Empresarial; além do prédio da Gazeta onde funcionavam o administrativo e o agonizante jornal Gazeta de Alagoas.

Uma empresa que se diz quebrada pagaria R$ 67 mil de salário para um executivo? Na Gazeta, temos. É o salário de Luís Amorim, principal executivo da OAM. A empresa que se diz quebrada paga por limpeza de piscina e tem como prestadores de serviço o Cemitério Parque das Flores, Condomínio na Barra de São Miguel, Outback, Hospital Sanatório, Aeroturismo e outros nada a ver com a finalidade do conglomerado.

Os credores trabalhistas caíram em campo e desmontaram parte da farsa. Eles descobriram que a casa da Barra de São Miguel, na verdade, não está em nome da Gazeta, mas, da empresa Água Branca, cujos sócios são o Collor, a esposa Caroline e o filho dele, Fernando James.

No nome da Gazeta ainda está registrado um apartamento no bairro do Stella Maris, área nobre de Maceió, em que mora Fernando James. Não se sabe se o filho do dono paga aluguel à empresa para morar bem.

Collor e as Gazetas | Reprodução

Outra descoberta: as salas do empresarial Norcon estão alugadas ao Partido Socialista  Brasileiro (PSB), dirigido pela filha do governador Paulo Dantas, Paula Dantas. A investigação dos trabalhadores não conseguiu confirmar se o valor do aluguel vai para os cofres da OAM. O que se sabe é que, enquanto aluga as salas de Collor, o PSB de Alagoas tem uma sede própria no Centro de Maceió. Um prédio de 1° andar, com espaço para salas e até auditório, que segue completamente abandonado.

Enquanto propõe acordos humilhantes, a Gazeta tortura trabalhadores que desejam ser respeitados. Eles temem levar callote caso a Globo não renove o contrato com a TV de Collor. Entre a cruz e a espada, o lado mais fraco segue sendo o mais prejudicado.