4 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Laranjas do PSL: Gráfica contratada com verba pública não tem máquinas

Ela teve somente 274 votos e recebeu mais dinheiro público que Jair Bolsonaro como candidato a presidente

Neste domingo, uma reportagem da Folha revelou que a candidata laranja Maria de Lourdes Paixão, 68, indicada pelo grupo do presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, declarou ter gastado R$ 380 mil de dinheiro público na gráfica Itapissu, no Recife, a quatro dias da eleição, em outubro do ano passado.

Ela teve somente 274 votos, e não há nenhum sinal de que tenha realizado de fato campanha. Quando questionada sobre a gráfica e os valores de campanha, Maria de Lourdes esquivou: “eu não lembro de tudo (…) Entreguei tudo ao contador”.

E sem surpresas, no endereço da “gráfica”, há apenas uma pequena sala, com duas mesas e nenhum maquinário para impressões em massa, que deste a denúncia está de portas fechadas. Mesmo assim, é aparente: não há qualquer sinal de que a empresa tenha trabalhado durante a eleição.

Maria de Lourdes Paixão virou de última hora candidata a deputada federal para preencher vagas de cota feminina e foi a terceira que mais recebeu dinheiro público do PSL em todo país, mais que o próprio presidente Jair Bolsonaro.

Minas Gerais e Ministro

O ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), deputado federal mais votado em Minas, patrocinou um esquema de candidaturas laranjas que direcionou verbas públicas de campanha para empresas ligadas ao seu gabinete.

Ele mesmo, presidindo o PSL de Minas, repassou R$ 279 mil a quatro candidatas, percentual mínimo exigido pela Justiça Eleitoral (30%) destinado ao fundo eleitoral a mulheres candidatas.

Diferente de outra suspeita de candidaturas de laranjas do PSL, em Minas, no caso de Pernambuco não há nenhuma notícia de investigação em andamento a respeito. Hamilton Mourão, vice-presidente da República, afirmou, no caso das candidaturas de Minas, que, se for verdade, “é grave”.

Sergio Moro, ministro da Justiça, afirmou, também sobre o colega de ministério, que o caso será apurado “se surgir a necessidade”.