Hoje, 6 de outubro, dia das eleições municipais, tinha tudo para ser uma data dedicada à cidadania e de valorização da democracia.
Tinha sim. Mas os sinais são de violentação dos direitos em nome do poder.
Eleitores nas ruas indo aos locais de votação poderiam erguer a cabeça na certeza de cumprir de forma plena, livre e consciente, o seu dever cívico. Mas, não é assim que a banda toca.
Uma informação levantada pelo portal 082notícias indica que só em Maceió, este ano, “os compradores de votos irão movimentar o mercado, injetando mais de R$ 150 milhões” para fins eleitorais.
E aí está o problema. De repente, nesta época, aparece dinheiro a rodo, aos montes. Ou como tuias de ervas daninhas.
Enfim, as eleições se tornaram um grande empreendimento de mercado, onde se projeta quem tem o poder da grana que os ergue, mas destrói, sem dó e sem receio, a senhora democracia. E são muitos os que não têm apreço por ela.
Hoje há uma elite que disso trata. E o faz para empoderar os familiares nas instituições, sejam legislativas ou executivas.
Os nomes em disputa eleitoral, na capital e no interior alagoano, falam por si só. Não deve ser diferente nas demais regiões do País.
Agora convenhamos: a suspeita de R$ 150 milhões para a compra de mandatos, só na capital alagoana, deveria merecer todos os olhares da justiça eleitoral e demais instituições fiscalizadoras.
E o pior é que, uma vez eleitos, os endinheirados posam de anjos e santos e proclamam: Foi a vontade do povo!
E assim sendo, nunca é demais lembrar o poeta Thiago de Mello em Canção do Amor Armado:
De repente o voto deixou
de ser dever e de ser cívico,
deixou de ser apaixonado e belo
e deixou de ser arma — de ser a arma,
porque o voto deixou de ser do povo.