8 de maio de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Mauro Cid nega ter sido coagido e diz que falou besteira em desabafo

Declaração de ex-ajudante de ordens de Bolsonaro está registrada em documento no STF e diz querer seguir a delação de forma voluntária

Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro desmente ter sido coagido

Por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tornou-se pública a ata da audiência com o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL). A audiência realizada nesta sexta-feira, 22.

O documento revela que o militar afirmou não ter sido coagido a fechar delação premiada junto a Polícia Federal (PF) e confirmou integralmente o depoimento que prestou no dia 11 de março, quando falou à corporação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado.

Sobre os áudios vazados, divulgados pela Revista Veja na noite de quinta-feira (21/3), o militar disse se tratar de um “desabafo” e que “acabou falando besteira”.

Áudio vazado

No áudio vazado, Cid diz ter sido o mais prejudicado pelas investigações da trama golpista, que perdeu a carreira e teve prejuízo financeiro. Em determinado momento, ele afirma que “todo mundo já era quatro estrelas, já tinha atingido o topo, o presidente (Bolsonaro) teve Pix de milhões, ficou milionário”. “Eu fui o único que teve pai, filha, esposa envolvido”, disse.

Logo após prestar depoimento, Mauro Cid foi preso preventivamente por ordem de Moraes. O ministro Alexandre de Moraes, criticado por Cid no áudio, entendeu que o tenente-coronel descumpriu as medidas cautelares e tentou cometer o delito de obstrução da justiça. Após ser informado sobre a prisão, o militar desmaiou.

De acordo com o documento divulgado pelo STF, Cid afirmou na audiência estar “ciente de que seria feita a colaboração” e que teria consultado previamente o advogado dele, Cezar Bitencourt. O militar ainda diz querer seguir com a delação premiada, “de forma espontânea e voluntária”.

Ao ser questionado sobre os áudios vazados, Mauro Cid disse que os ouviu e confirmou a veracidade deles. No entanto, afirmou se tratar de uma “conversa privada e informal”, e que “não lembra para quem falou essas frases de desabafo, num momento ruim”.

“É um desabafo, quer chutar a porta e acaba falando besteiro. Genérico, todo mundo acaba dizendo coisas que não eram para serem ditas. Em razão da situação que está vivendo, foi um desabafo. É um desserviço que a Veja faz ao inquérito, à minha família, às minhas filhas”, reclamou ele, de acordo com a ata da audiência.

Cid também garantiu que “ninguém o teria forçado” a manter o diálogo com os investigadores da PF. “Eles (PF) têm a tese investigativa e ele tem a versão dela, muitas vezes as versões eram contrárias, nunca houve induzimento às respostas, ninguém membro da PF o coagiu a falar algo que não teria acontecido”, pontuou ele, como indica um trecho do documento

“Eles tinham outra linha investigativa e a versão dos fatos eram outras, ele explicava como tinha ocorrido, as policiais traziam os fatos na forma que estavam investigando”, explicou o militar.