6 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Brasil

Ministério Público faz busca e apreensão em residências dos Bolsonaro

Familiares do presidente e Fabrício Queiroz são alvos de operação contra a corrupção

Flávio Bolsonaro Queiroz e ex-assessores são alvos de operação de combate a corrupção no Rio de Janeiro

Uma operação do Ministério Público do Rio de Janeiro fez buscas e apreensões na manhã desta quarta-feira, 18, na residência de Fabrício Queiroz e parentes do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Além dos parentes do presidente, são alvos da operação também ex-assessores do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). A ação do MP-RJ acontece na capital carioca e no município de Resende, no sul do Estado.

Segundo as informações, As medidas cautelares foram pedidas na investigação sobre casos de corrupção como lavagem de dinheiro e peculato, a partir da investigação realizada no antigo gabinete de Flávio Bolsonaro, quando deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Entre os familiares do Presidente da República investigados está a ex-mulher dele, Ana Cristina Siqueira Valle.

As medidas cautelares desta quarta-feira atingem sobretudo ex-assessores que também tiveram sigilo fiscal e bancário quebrado pelo Tribunal de Justiça do Rio em abril. Ao todo, na ocasião, 96 pessoas e empresas foram alvo da decisão da 27ª Vara Criminal do Rio, Flávio Itabaiana de Oliveira Nicolau.

Em Resende, são alvo os nove parentes de Ana Cristina Siqueira Valle que foram lotados no gabinete de Flávio durante algum período entre 2003 e o ano passado – tempo de seus quatro mandatos. José Procópio Valle, ex-sogro de Bolsonaro, Andrea Siqueira Valle, ex-cunhada de Bolsonaro, além dos primos Francisco Diniz, Daniela Gomes, Juliana Vargas e os tios Guilherme dos Santos Hudson, Ana Maria Siqueira Hudson, Maria José de Siqueira e Silva e Marina Siqueira Diniz.

Em junho, o jornal O Globo revelou que o vendedor aposentado José Procópio Valle e Maria José de Siqueira e Silva, pai e tia de Ana Cristina, jamais tiveram crachá funcional da Alerj. Ele ficou lotado cinco anos e ela, nove.

Já Andrea Siqueira Valle foi fisiculturista em Resende durante todo o tempo em que constou como assessora e Francisco Diniz chegou a cursar faculdade integral de Medicina Veterinária em Barra Mansa, também no Sul do estado, no mesmo período em que foi nomeado assessor de Flávio na Alerj.

A investigação foi instaurada em 31 julho do ano passado, meses depois que o antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras enviou espontaneamente um relatório ao MP com movimentação atípica de Queiroz num total de R$ 1,2 milhão entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

O caso ficou parado de julho até novembro aguardando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a legalidade do compartilhamento de informações sigilosas por órgãos como a Unidade de Inteligência Financeira (UIF, antigo Coaf) e a Receita Federal com o Ministério Público e órgãos policiais sem autorização judicial. O STF aprovou no mês passado a tese para o compartilhamento.

Transações suspeitas

Mas, além do caso Queiroz, o senador Flávio Bolsonaro também é investigado por transações imobiliárias suspeitas. Quando teve seu sigilo bancário e fiscal quebrado, a investigação identificou que o parlamentar utilizou a compra e venda de imóveis no Rio de Janeiro para lavar dinheiro.

Segundo os promotores, entre 2010 e 2017, o então deputado estadual lucrou 3,089 milhões de reais em transações imobiliárias em que há “suspeitas de subfaturamento nas compras e superfaturamento nas vendas”. No período, ele investiu 9,425 milhões de reais na compra de dezenove imóveis, entre salas e apartamentos. Faturou mais no mercado imobiliário do que como deputado.