6 de outubro de 2024Informação, independência e credibilidade
Economia

Ministro de Minas e Energia quer caminhões brasileiros movidos a gás

Frota a gás representa somente 2,2% do total em circulação e a idade média da frota de caminhões em circulação no Brasil é 15,2 anos

O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, quer usar o novo mercado de gás, que será lançado pelo presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (23), para diminuir o consumo do diesel no país e estimular a conversão de caminhões para o gás natural veicular, uma forma de reduzir o custo do frete no país.

Atualmente, cerca de 10,6% do gás comercializado no país abastece veículos, segundo dados do setor. A frota a gás representa somente 2,2% do total em circulação, de acordo com informações do Departamento Nacional de Trânsito.

Ainda com uma rede de abastecimento veicular limitada, focada nos maiores centros urbanos, o gás fica concentrado em grandes indústrias e na geração de energia elétrica por centrais hoje movidas, em sua maioria, por diesel e outros combustíveis fósseis.

Ontem, foi preciso o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, anunciar a revogação da nova tabela de frete, que revoltou caminhoneiros desde a semana, para que um dos organizadores dos mais de 15 grupos de WhatsApp avisasse que os grupos de chamado para greve da categoria seriam encerrados. O preço do diesel ainda pesa.

Investimento

Embora raros, caminhões movidos a gás natural já existem e mais modelos devem chegar ao mercado nacional entre 2020 e 2021. Além disso, é tecnicamente possível fazer a conversão parcial de modelos a diesel. Porém, há problemas para a implementação em larga escala, como a falta de pontos de abastecimento nas estradas e a inexistência de um programa de renovação de frota.

O GNV (gás natural veicular) é oferecido também em veículos comerciais de menor porte (uso urbano) vendidos por encomenda, em pequena escala. A Scania, por exemplo, anunciou um ciclo de investimentos de R$ 1,4 bilhão a partir de 2021.

Contudo, essa conversão esbarra no envelhecimento dos veículos. De acordo com pesquisa divulgada neste ano pela CNT (Confederação Nacional do Transporte), a idade média da frota de caminhões em circulação no Brasil é 15,2 anos. Uma alteração desse tipo pressupõe inspeções regulares do sistema, como já ocorre nos carros adaptados para rodar com GNV.

E caminhoneiros autônomos têm dificuldade para trocar um caminhão com 20 anos de uso por outro 10 anos mais novo. Adquirir um modelo zero-quilômetro mais eficiente e com a mesma capacidade é uma meta distante para esses profissionais.