8 de setembro de 2024Informação, independência e credibilidade
Justiça

Moro ignora perguntas em depoimento e critica ação que pode levar à sua cassação

Senador ignorou perguntas de advogados do PL, PT, PCdoB e PV, que ajuizaram ação contra ele

O ex-juiz titular da Lava Jato e ex-ministro do Governo Bolsonaro, atual (ainda) senador, Sergio Moro (União Brasil-PR) prestou nesta quinta-feira (7/12) depoimento em ação eleitoral que pode levar à cassação de seu mandato.

O desembargador Dartagnan Serpa Sá, relator do processo, explicou que, embora não exista previsão legal para oitiva pessoal de investigados em sede de ação de investigação judicial eleitoral (Aije), o senador poderia falar se assim desejasse.

Moro parecia disposto a responder aos questionamentos da Justiça Eleitoral, mas decidiu só respostas às perguntas do juiz que conduziu o depoimento, optando pelo silêncio nas questões formuladas pelos advogados do Partido Liberal (PL) e da Federação Brasil da Esperança (PT, PCdoB e PV), que ajuizaram a ação.

O depoimento  durou menos de uma hora. “Eu me sinto agredido e não me sinto confortável em participar de um teatro”, afirmou ele ao justificar a opção pelo silêncio nas perguntas dos advogados das legendas.

“O que você tem é um monte de nada. Vamos continuar fazendo nosso trabalho mesmo sendo ameaçados por ações frívolas promovidas por esses partidos. De um lado o PT, que já tem certa animosidade comigo, e do outro um candidato que quer ganhar no tapetão as eleições para senador”,

Em pronunciamento à imprensa, Moro alegou que participou de uma eleição muito difícil, mas que foi eleito dentro das regras. Além da federação de esquerda, a eleição de Moro também é questionada pelo PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que contou com o apoio do senador na eleição de 2022.

Moro é investigado por abuso de poder econômico, abuso de poder político e uso indevido de meios de comunicação em sua campanha para o Senado.

Agora o processo segue no TRE-PR, onde ainda deve passar por uma série de diligências. Entre elas, o tribunal eleitoral ainda precisa ouvir, em tese, sete das oito testemunhas indicadas pela defesa do ex-juiz. Até o momento, apenas uma de fato compareceu à audiência: o diretor de Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo.

Este processo demanda tempo e o tribunal entra em recesso de final de ano no próximo dia 20. O colegiado, então, retoma as atividades no dia 7 de janeiro, e um desfecho deve ocorrer apenas no final do mês que vem.

Caso o senador seja condenado, ainda pode recorrer à segunda instância da Corte local e, posteriormente, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Todas essas etapas precisariam ser cumpridas antes de Moro efetivamente perder sua cadeira no Congresso Nacional.