O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), participou do programa Conversa com Bial, da TV Globo e quando perguntado se o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sergio Moro, teria espaço no STF, caso esse fosse indicado pelo presidente Bolsonaro, não fugiu da resposta:
“Moro chegou quase que como um primeiro-ministro. Depois ele virou esse personagem que o Bolsonaro leva para o jogo do Flamengo. Ele está precisando do Bolsonaro. Antes o Bolsonaro precisava dele, depois ele passa a precisar do Bolsonaro”. Gilmar Mendes, ministro do STF.
Veja outras temas discutidos no programa:
Sobre o caso Lula.
“Não sei, vamos ter de executar com muito cuidado, há a impressão de que há muitos vícios, eu tenho dito que o Lula merece um julgamento justo. Tudo isso que vem se revelando de fato mostra suspeita sobre esse caso”.
Moro na Lava Jato.
“Estou estudando. Vamos ter capítulo sobre o eventual significado da Vaza Jato, o eventual aproveitamento ou não de prova ilícita nesta questão”.
Indicações de Bolsonaro.
“Ele disse que indicaria alguém ‘terrivelmente evangélico’. O importante é que indique alguém que saiba ler a Constituição, se for evangélico não terá nenhum problema”.
Lavajatismo da mídia e ‘Gilmar solta’.
“Quero dividir a minha responsabilidade com vocês. Vocês têm uma grande parcela de responsabilidade. Quando vocês dizem ‘Gilmar solta’, e estou falando porque já reclamei para a Rede Globo, a decisão foi da turma, mas vocês dizem ‘Gilmar solta’, mas não explicam do que se trata. Houve um lavajatismo militante da mídia, a mídia aderiu a isso. Nós ficamos como os bandidos da história, aqueles que erraram ao soltar. A mídia faz parte disso. A Lava Jato é case de sucesso de mídia, são melhores publicitários que juristas. Houve essa coalizão, essa coabitação. A responsabilidade é muito maior da mídia do que minha”.
Bial defende mídia
Após Gilmar falar da abordagem da mídia às ações do STF (Supremo Tribunal Federal), e também das críticas que recebe quando há decisões de habeas corpus para políticos detidos, o apresentador Bial defendeu a emissora:
“O que o senhor classifica como incitamento, muitos classificam como bom jornalismo. Muitos jornalistas como o Ali Kamel se orgulham, porque o time deles, de ótimos jornalistas, deu furos. Não é tão fácil assim ter essa notícia. Se atendeu, se a Lava Jato pegou a carona já que o interesse público era enorme, e nosso dever como jornalista é atender ao interesse público, aí é uma contradição das relações do poder com a grande imprensa”. Pedro Bial, em resposta a Gilmar.
O ministro, por outro lado, lembrou que os jornais da Globo eram destino preferido de vazamentos da Lava Jato:
“Sei com informações consistentes que (Rodrigo) Janot tinha 11 jornalistas em sua equipe para vazar informações. Conheço de dentro a questão porque o ministro Teori (Zavaski, morto em 2017) ficava irritado. Primeiro chegava a notícia a ele, às vezes pelo Jornal Nacional, depois ele recebia o documento sigiloso, porque havia o vazamento por parte da Procuradoria Geral. O vazamento é crime, não por parte do jornalista, mas da fonte, da autoridade. O vazamento alimentou essa lealdade da mídia com a Lava Jato e produzia isso. Hoje o quadro mudou”. Gilmar sobre os vazamentos.
Bial, no entanto, respondeu com ironia: “Assim que você descobrir essa lista dos 11 do Janot, me passa porque é uma notícia e tanto, é primeira página”.