Todo ano é uma peleja para dar aumento aos aposentados do INSS. Alega-se que a Previdência está quebrando, fala-se em crise fiscal, prega-se medidas e uma reforma administrativa que proíbem aumento de salário, ascensões na carreira e novas contratações.
Não tem dinheiro para valorizar servidor público, a não ser que você seja militar da reserva ou servidor federal aposentado que ocupe cargo de comissão, graças a uma portaria do Ministério da Economia que autoriza essas duas castas a receberem salários acima do teto constitucional, hoje em R$ 39,2 mil.
Em plena pandemia e numa situação de agravamento da pobreza e da miséria, a mudança beneficiar, por exemplo, ministros do governo federal, e o próprio presidente Jair Bolsonaro. Esta regra já está em vigor e já há projetos de parlamentares para tentar derrubar esse disparate.
Pela regra antiga, os valores de aposentadoria e o salário do cargo comissionado ou eletivo eram somados e o que ultrapassasse o teto era cortado. Com a mudança, o limite será calculado de forma separada, sobre a aposentadoria e sobre a gratificação. De acordo com o G1, se em cada um ficar abaixo dos R$ 39,2 mil, não haverá corte. A pessoa vai receber as duas remunerações inteiras.
Veja o custo da benesse: o ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, vai receber R$ 27 mil a mais e o presidente Jair Bolsonaro, R$ 2.344.
Só não enxerga o simbolismo dessa medida quem não quer. Enquanto a massa chafurda na miséria, um pequeno grupo de privilegiados surfa na onda da concentração de renda.
E os pobres? Esses não têm dinheiro para comprar motocicleta e estão fora do “banquete”.